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ATA DA SESSÃO SOLENE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA EM HOMENAGEM A SÍLVIO ELIA, EM 20-03-1999

 

Em vinte de março de mil novecentos e noventa e nove, às 16,00h, no auditório do sétimo andar da Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, Campus da UERJ, foi realizada a sessão de homenagem a Sylvio Edmundo Elia. Aberta a sessão, foi aprovada a ata de 13.3.1999. A seguir, o Prof. Leodegário A. de Azevedo Filho passou a Presidência dos trabalhos para o Prof. Carlos Alberto de Oliveira, que estava representando o Magnífico Reitor Antônio Celso Alves Pereira, impossibilidado de comparecer por estar reunido, naquele momento, com Sarnei Filho, Ministro do Meio Ambiente, e com o Governador Antony Garotinho, na Ilha Grande. O Prof. Carlos Alberto passou a coordenação dos trabalhos para o Prof. Leodegário, que constituiu a mesa. Foram chamados a Srª Maria José da Fonseca Elia, viúva do homenageado, o embaixador Afonso Arinos de Melo Franco, o jornalista Tobias Pinheiro, Presidente da Academia Carioca de Letras, e os seguintes membros da Academia Brasileira de Filologia: Manoel Pinto Ribeiro, Paulo Silva de Araújo, Antônio Martins de Araújo, Gladstone Chaves de Melo, Cláudio Cezar Henriques, Horácio Rolim de Freitas, Evanildo Bechara, Cilene Cunha Pereira, Castelar de Carvalho, Luiz César Saraiva Feijó, Rosalvo do Valle, Domício Proença Filho, Adriano da Gama Kury, além do Prof. Antônio Basílio da Silva, que representou o Dr. Antônio Gomes da Costa. Encontravam-se presentes também o acadêmico Carly Silva e os professores Marina Machado Rodrigues, Agenor Ribeiro, José Carlos Azeredo, Hilma Ranauro, José Pereira da Silva, Márcio Luiz Moitinha Ribeiro, Magda Flores e um grande número de amigos e familiares do Prof. Sílvio Elia. O Prof. Leodegário informou que Sílvio Elia foi o Presidente Honorário da Academia Brasileira de Filologia, por isso é praxe que o Presidente da Academia preste a homenagem póstuma. O Prof. Leodegário disse que onde quer que se reúnam os homens de bem deste país, o lugar de Sílvio Elia estará sempre reservado. Afirmou que é uma honra para a cultura brasileira prestar essa homenagem, não apenas para a Filologia, que tanto honrou e à qual tanto se dedicou. Sílvio Elia dignificou a própria condição humana, por ser uma personalidade equilibrada, um humanista no sentido integral do termo e por tido toda a sua vida dedicada à pesquisa científica, ao estudo e à sua família. A seguir, o Prof. Leodegário proferiu o seguinte discurso, com o título de Sobre o pensamento lingüístico e filológico do Professor Sílvio Elia, que vai transcrito em sua totalidade: 

“A geração do Sílvio Elia transitou entre o autodidatismo - no bom sentido do termo! - e a formação universitária plena. Aliás, isso mesmo se lê no livro Ensaios de Filologia, de sua autoria, obra publicada em 1963 pela antiga Livraria Acadêmica, atual Livraria Padrão. Nesse livro, incluiu substancioso ensaio sobre "Os Estudos Filológicos no Brasil". Mas, por inaceitável modéstia, retirou do estudo o próprio nome, quando tratou da terceira geração de modernos filólogos e modernos linguistas brasileiros. Tal lacuna já havíamos procurado preencher no livro Ensaios de Lingüística e Filologia, publicado pela Fundação Getúlio Vargas, em 1971; e também em longo artigo que inserimos no terceiro número da Revista Brasileira de Língua e Literatura, em 1980. Em ambas as publicações, tivemos oportunidade de apreciar a extraordinária contribuição dada por Sílvio Elia ao desenvolvimento da Ciência da Linguagem no Brasil concentrando o nosso interesse específico na análise das seguintes obras: O problema da língua brasileira (R. J., 1940 - 2ª ed. - 1961) Orientação da lingüística moderna (R.J.,1955); O ensino do latim (R. J.,1957); Dicionário gramatical, parte referente à língua portuguesa (Porto Alegre, 1962); Ensaios de filologia (R. J.,1963); Preparação à lingüística romântica (R. J., 1974); Seleta em prosa e verso de Augusto Frederico Schmitd (R. J., 1975); e A unidade lingüística do Brasil (R. J.,1979). E isso além das obras didáticas e de várias teses de concurso, entre as quais a de Doutoramento, sobre as origens do verso românico, que tivemos o altíssimo e imerecido privilégio de examinar. E isso sem contar ainda com numerosos ensaios, um deles sobre Sociolingüística, além de resenhas e artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Alias, espera-se, para breve, a segunda edição das Poesias de Anchieta em português, com texto por ele estabelecido e com introdução teórica de nossa responsabilidade. (1º ed., R. J., Antares). A formação universitária de Sílvio Elia foi, realmente, invejável. Dominava muito bem as línguas clássicas, como Professor Catedrático do Colégio Pedro II, após defesa de tese em que estudou a presença de elementos osco-úmbricos no latim; conhecia diacrônica e sincronicamente as línguas romântics, como pouca gente em todo o mundo lusofônico; e introduziu, juntamente com o J. Mattoso Câmara Jr., a Lingüística Moderna no Brasil. Foir, em tudo, um do humanista integral, acreditando em Deus uno e trino como força criadora do Universo e jamais tendo qualquer dúvida sobre a vida eterna. Por isso mesmo, irradiava esperança e confiança, sempre tranqüilo, numa época cade vez mais atormentada pelo entrechoque de interesses menores e pela covardia moral dos que se calam ou fecham os olhos diante da miséria, da fome e das injustiças sociais. No que se refere ao aprofundamento científico de sua formação, nã se pode excluir a sua visão universalista. Para ele, a cultura não devia ser entendida como luxo de poucos, mas como força profunda do próprio desenvolvimento social, seguido assim o pensamento de outro grande Mestre, que foi Alceu Amoroso Lima. Sempre teve um compromisso com a cultura, indo muito além dos limites naturais de uma sala de aula. Foi um pesquisador sempre apegado à humildade do método, pois a humildade sempre foi a grande virtude dos sábios. E foi, acima de tudo, um chefe de família exemplar, suportado com imensa serenidade todos os desígnios de Deus, por mais incompreensíveis que se mostrassem à pobre visão humana. Na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, ao lado de dois grandes Mestres, J. Mattoso Câmara Jr. e Serafim da Silva Neto, aos poucos foi introduzindo os fundamentos da lingüística moderna em nível universitário. Lembra-me um de seus Cursos de Extensão Universitária, em que tratou dos fonemas em português. Associava-se à sua exposição, sempre serena e didática, um profundo, conhecimento da matéria, a partir mesmo dos ensinamentos do Círculo Lingüístico de Praga e da teoria fonológica de Bloomfield. O conceito de fonema, como um feixe de traços fônicos distintivos, era a base da classificação por ele dada, assunto inteiramente novo no Brasil daquela época, e que o levou a sério debate científico com o professor José Oiticica, este último voltado para a fonética tradicional, por mais inovadoras que fossem as suas idéias. Hoje, todos sabemos que, cientificamente, Sílvio Elia estava certo e que saiu vitorioso da polêmica, mas com absoluta serenidade e respeito ao velho professor, que se julgava criador de um pensamento lingüístico brasileiro, suposição até certo ponto válida. Mas faltava a Oiticica, talvez, uma espécie de excessivo apego à originalidade, a indispensável convivência de idéias com as grandes correntes da lingüística moderna no mundo, muitas das quais ele ignorava e até recusava, praticamente opondo-se às idéias fundamentais de Ferdinand de Saussure, como foi o caso da não aceitação da dicotomia langue e parole . Como se sabe, as dicotomias propostas pelo mestre genebrino, desde cedo, abriram espaços de reflexão teórica para os estudos lingüísticos, e isso no mundo inteiro sobretudo os conceitos de significante e significado, sincronia e diacronia, sintagma e paradigma, que Sílvio Elia já procurava introduzir em sua obra didática Língua e literatura, publicada pela Companhia Editora Nacional. Tudo isso era visto, pelo professor José Oiticica, de quem Sílvio Elia fora aluno, como um desvio das idéias que ele próprio ensinava no Manual de análise e no Manual de estilo, quase em tom de pregação. Não queria o velho mestre que o discípulo fosse buscar no estrangeiro nenhuma orientação moderna, em detrimento da sua pópria doutrina. Mas Sílvio Elia, a essa altura, já havia percorrido os caminhos abertos pela primeira geração de lingüistas europeus, com Bopp e Grimm à frente; já havia examinado o pensamento de Schleicher e seus discípulos, como representantes da segunda geração da lingüística européia; já havia seguido as pegadas de Whitney, que afinal incluiram os Estados Unidos da América na terceira geração de lingüistas, em plano universal; já havia lido Franz Boas, o verdadeiro iniciador do movimento de renovação dos princípios e métodos da chamada Escola Lingüística Norte-Americana; e já havia, por fim, mergulhado fundo nas obras de Sapir e Bloomfield, os dois discípulos de Boas que sistematizaram a lingüística descritiva, como Sílvio Elia fartamente demonstrou no livro Orientações da lingüística moderna, onde também tratou to idealismo lingüístico de Vossler, ao lado da chamada Escola Estilística Espanhola, inspirada por Dámaso Alonso, Amado Alonso e Carlos Bousoño, paralelamente estudando a Geografia Lingüística, na trilha de Gilliéron. Além disso, Trubetzkoy e Roman Jakobson estavam presentes na histórica polêmica com José Oiticica, ao lado de Sapir e Bloomfield, cujo pensamento era total novidade numa época em que Chomsky ainda não que deixassem estarrecidos não apenas o veterano mestre do Manual de Análise, mas a própria Universidade brasileira, que aos poucos ia despertando do marasmo gramatical em que se encontrava, para abrir os olhos sonolentos diante dos novos caminhos abertos pela lingüística universal. Assim com J. Mattoso Câmara Jr., o nosso grande autor dos Princípios de lingüística geral, Sílvio Elia introduziu a lingüística moderna no mundo de língua portuguesa, inclusive com os cursos que ambos ministravam na Universidade de Lisboa, enquanto J. G. Herculano de Carvalho fazia o mesmo em Coimbra. É certo que Sílvio Elia, por sua formação espiritualista, por vezes, valorizava em demasia as contribuições do Idealismo Lingüístico, em particular em seus estudos de semântica e estilística. Mas isso pouco importa, diante das linhas de pesquisa que dominaram os seus estudos, a saber: a) análise crítica das correntes teóricas da lingüística em nosso século e tentativa da aplicação de deus princípios e métodos ao ensino da língua portuguesa; b) descrição e funcionamento da língua portuguesa, tanto na modalidade escrita, como na falada; c) estudos estilísticos e dialectológicos; d) o português do Brasil; e) versificação romântica; f) versificação portuguesa; g) lingüística romântica; h) semântica moderna; i) crítica textual; j) línguas clássicas, sobretudo o latim; l) língua literária; m) nomenclatura gramatical brasileira; n) sociolingüística; e o) literaturas em língua portuguesa, estudando até a língua literária de autores africanos. Como é claro, não dispomos aqui de espaço, nem de tempo, para examinar todas as linhas de pesquisa acima referidas, o que nos leva a deter-nos apenas numa delas, que é o português do Brasil. O mundo de língua portuguesa é hoje formado por quase 200 milhões de falantes, dos quais 150 milhões se encontram no Brasil. Aqui recebemos uma língua feita, divergindo as nossas questões dialectológicas das questões que envolveram as velhas nações européias. Lá, para o reconhecimento das línguas nacionais, houve disputa entra dialetos, sobrepujando-se aos demais os que se iam impondo como instrumento de maior cultura e prestígio social. Assim, na Itália, sobressaiu o dialeto florentino, que teve Dante Alighieri como cultor, pouco valendo a tese conciliatória que o próprio e genial autor da Divina Comédia iria defender em De vulgari eloquentia, segundo a qual a língua nacional da Itália deveria ser constituída de elementos de todos os dialetos falados na Península. No Brasil, ao contrário disso, o português se foi lentamente implantado como língua nacional, marginalizando-se as línguas indígenas e africanas. Com efeito, as relações entre o português a as línguas indígenas, bem assim as relações entre o português e as línguas africanas, já no século XVII, se reduziram a simples contactos, daí resultando empréstimos de adstrato. Como era natutal, o léxico do português do Brasil se enriqueceu por meio de empréstimos linguísticos, que não alteraram a consolidada estrutura da língua dos conquistadores, pois a ela tiveram que se ajustar morfologicamente. E a partir do século XVIII, sem qualquer sombra de dúvida, a língua portuguesa estava definitivamente implantada no Brasil. A história do transplante de língua portuguesa para o Brasil, a partir do pensamento teórico de Oto Jespersen, situa-se em dois casos. No primeiro verficou-se progressiva marginalização da população nativa, em proveito da língua e da cultura dos colonizadores; e, no segundo, porque as levas de imigrantes que chegaram ao Brasil, aos poucos, se foram integrando no sistema lingüístico dominante em todo o território nacional, o que já havia ocorrido historicamente com as línguas africanas, pois os escravo não passavam de imigrantes forçados. O primeiro caso explica a própria formação portuguesa, que superou inteiramente a invasão temporária de outros povos europeus, com foi o caso dos holandesesno Nordeste e dos franceses no Rio de Janeiro. O efeito dessas invasões bem cedo desapareceria, retornando-se sempre aos caminhos da colonização portuguesa. O segundo caso explica a integração cultural do negro em nossa sociedade colonial, bem assim a integração posterior de imigrantes de vários outras nações, sendo analógica e quantitativa a diferença entre os dois exemplos. Cronológica porque a presença de escravos africanos no Brasil é anterior à presença de outros imigrantes. Na casa-grande, a mãe-preta cuidava dos filhos dos senhores, falando um português crioulo. O caso dos outros imigrantes - já aqui foi observado que o negro também foi um imigrante, embora forçado - é diferente, porque já encontraram aqui uma sociedade estabelecida, não participando assim da sua formação inicial, como se deu em relação ao negro escravizado. Como é sabido, todos os imigrantes espontâneos sempre tiveram o maior interesse, ontem como hoje, em aprender o português do Brasil, muitas vezes ocorrendo o fato de que os seus netos ou mesmo os seus filhos já não falariam plenamente a língua dos pais. O próprio sotaque estrangeiro tende a ir desaparecendo, por força de um fenômeno contínuo de integração lingüística e social. Não admira, assim, que o número de empréstimos que o português do Brasil recebeu de línguas africanas seja muitas vezes maior que o número de empréstimos proveniente das línguas dos imigrantes espontâneos, quase todos que circunscritos a falas especiais e a gírias. Portanto, em face do poutuguês comum, historicamente constituído em Lisboa, no século XVI, período áureo da língua, há hoje três vertentes: a portuguesa, a brasileira e a falada nas jovens nações africanas de língua lusa, onde o bilingüismo ainda persiste. Assim, em face da norma comum de que se originam, tanto a variante portuguesa, como as vertentes brasileira e africana sofreram naturalmente renovações e inovações, pois nenhuma língua poderia permanecer imutável em três continentes em que é falada. Como exemplo, veja-se que o português do Brasil teve o ser léxico ampliado e enriquecido com empréstimos lingüísticos procedentes das línguas indígenas brasileiras e das línguas africanas. Por outro lado, o fenômeno progressivo de enfrquecimento vocálico da pronúncia portuguesa atual representa, entre outros fatores, uma possível diversificação em face da norma comum. No Brasil, ao contrário, mantemos um vocalismo certamente mais tenso que o da norma originária, ao lado de ligeiro enfraquecimento das articulações consonantais. São exemplo, entre outros, da variação das normas do português da América e do português da Europa e África. Mas, em tudo isso, é claro que a língua não mudou como sistema, exata e precisamente porque as suas formas gramaticais permaneceram as mesmas. Realmente, o português do Brasil não recebeu qualquer empréstimo de fonemas, nem de morfemas gramaticais de qualquer outra língua, nativa ou não. E bem dizia Darmesteter que uma língua pode até muda o seu léxico e a sua sintaxe; mas, se as formas gramaticais não mudam , a língua não mudou, permanecendo a mesma. Em síntese, o problema da unificação e da diferenciação do português do Brasil, em conforto com o portguês de Portugal, encontra plena e cabal solução lingüística em função do conceito de unidade na diversidade, nisso insistindo muito Sílvio Elia, entre outros grandes filólogos brasileiros, como Antenor Nascentes, Souza da Silveira, Gladstone Chaves de Melo e Clóvis Monteiro, para citar apenas quatro nomes, entre dezenas deles. Pode ser que, em futuro imprevisível, com o enfraquecimento da língua aqui se abra espaço para o aparecimento de outras línguas. Mas, por enquanto falamos e escrevemos a língua "em que Camões cantou, no exílio amargo, / o gênio sem ventura e o amor sem brilho'', como queria Bilac. Na verdade, portugueses, brasileiros e povos africanos somos todos usuários do mesmo sistema lingüístico, cada povo com a sua expressão cultural própria e inconfundível. Em nosso caso, logo se notam as diferenças de pronúncia e da melodia rítmica da frase, além da riqueza inovadora e renovadora do léxico. Mas isso, é claro, não atinge a unidade superior da língua, na medida em que as suas três vertentes estão centradas nas mesmas formas lingüísticas ou morfemas gramaticais. A propósito dizia Eça de Queirós que falávamos um "português com açucar." E Miguel Torga aconselhava aos portugueses que vinham ao Brasil ou para o Brasil: "é preciso pronunciar as vogais e amaciar as consoantes." Ao que acrescentamos: falar um português mais docemente vocálico e menos áspero em face da pronúncia lusitana, que suprime vogais e explode consoantes... Talvez por isso a vertente brasileira tenha maior curso e mais façil aceitação na boca dos entrangeiros, que logo se enamoram pelo português do Brasil ou pela fala brasileira. Mas a língua, enquanto sistema, é exatamente a mesma. E se me fosse permitido sugerir alguma coisas aos nossos irmãos portugueses, em proveito da língua comum, eu lhes diria que procurassem intensificar, no ensino sistemático da língua nas escolas, os exercícios de silabação, para evitar que se transformem em octossílabos, com tantas elisões vocálicas, os admiráveis decassílabas de Os Lusíadas... E aos brasileiros recomendaria um pouco mais de rigor na articulação das consoantes. Pois bem, Sílvio Elia, desde o seu primeiro livro, publicado em 1940 e intitulado O problema da língua brasileira, até um dos últimos, em 1979, com o título de A unidade lingüística no Brasil, a partir dos conceitos de sistema, norma e fala, como mais tarde irira propor Eugênio Coseriu, sempre se posicionow em defesa da existência de uma língua comum - enquanto sistema! - entre portugueses, brasileiro e povos africanos de língua portuguesa. Uma língua comum por sua unidade não por sua diversidade, ness sentido já tendo observado o filólogo Paul Teyssier que o centro de gravidade da língua portuguesa chega a deslocar-se da Eurpa para a América, levando-se em conta que no Brasil vivem 150 milhões dos quase 200 milhões de seus falantes. Nem teria hoje qualquer sentido querer ressuscitar a velha mentalidade colonizadora de que os portugueses são os donos da língua, mentalidade que gerou famosas polêmicas no passado, como a que se travou entre Alencare Pinheiro Chagas, ou mesmo entre Carlos de Laet e Camilo Castelo Branco. Donos da língua comum somos todos nós, os portugueses, os brasileiros e os povos das jovens nações africanas de língua portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, e São Tomé e Príncipe. Claro está que, dentro da mesma língua, pode haver muitas formas de expressão, motivos pelo qual rejeitamos a sinonímia proposta para os termos língua e expressão. Na realidade, não existem povos de "expressão portuguesa", a não ser o próprio povo português. O que existe, portanto, são povos de língua portuguesa, cada qual com a sua expressão própria. E nós, brasileiros, imprimos uma expressão nitidamente brasileira ao português do Brasil, assim como os povos africanos imprimiam uma expressão nitidamente africana à língua que é de todos nós. Aliás, não fi outro o entendimento do saudoso colega e amigo J. do Prado Coelho, em excelente artigo publicado no Jornal de Letras, Artes e Ideias, de Lisboa, onde distinguiu claramente, língua de expressão. Assim, a mesma língua pode exprimir diferentes calturas. A unidade lingüística na variedade de expressões, portanto, responde pela sobrevivência e pelo pretígio da língua portuguesa no mundo. Como se sabe, somos a quinta ou sexta língua mais falada em toda a humanidade, em disputa apenas com o árabe. E sempre que há uma língua comum, também já assinalou o lingüista Paul Teyssier, dentro do seu sistema logo nascem duas forças opostas: uma conservadora e outra diversificadora. Do equilíbrio entre essas duas forças vai depender a unidade superior da língua, evitando-se a sua fragmentação. Nem nos parece, como não parece aos portugueses, que haja qualquer interesse político, econômico ou cultural em que se abram, dentro do mundo de língua portuguea, espaços para o aparecimento de novas línguas. Daí a razão por que a força diversificadora deve ser sempre balanceada com a força unificadora, mantendo-se o sistema comum em sua unidade. E se isso não era inteiramente percebido por alguns ilustres portugueses do século passado, que se julgavam os senhores absolutos da língua, não há dúvida de que is portugueses de hoje, a não ser por ignorância lingüística, são unânimes em aceitar a tese científica da unidade na diversidade. Longe está, com efeito, a frase autoritária e dogmática do purismo gramatical. A norma culta da língua se encontra, costumava observar o professor Celso Cunha, por onde passas o merididano da cultura. Ela tanto pdoe estar em Lisboa, como no Rio de Janeiro ou em Maputo. Não tem nenhum sentido, conseqüentemente, a posição conservadora de certos portugueses, que ainda hoje desejam preservar o português europeu de certos brasileirismos ou de certos africanismos, isolando a língua que falam dentro do próprio mundo lusofônico. Tal posição, sem dúvida alguma, é separatista, pois levarias os brasileiros e africanos a não consideram os lusismos vindos da Europa. A propósito, lembremos que o Dicionário de Webster acolheu, inteligentemente, todos os empréstimos lingüísticos que penetraram na língua inglesa. Do mesmo modo, o Dicionário Geral da Língua Portuguesa, que vem sendo elaborado pelo Instituto Antônio Houasiss, procura reuinir todos os lusismos, todos os brasileirismos, e todos os africanismos de que se tenha notícia. Aliás, muitos dos chamados "brasileirismos" vieram de Portugal e aqui ainda hoje se conversam e retornam à pátria de origem, sobretudo pela ação contínua dos veículos de comunicação de massa, num verdadeiro processo de retro-alimentação lingüística, muito bem desenvolvido pela televisão brasileira e suas novelas, tão apreciados pelo povo português. Além disso, não contamina o sistema comum o uso legítimo de certas expressões brasileiras, já em pleno curso não apenas em África, mas também em Portugal de nosso dias. Pelo contrário, tal uso estimula a força unifcadora da língua, inejtando sangue novo no português europeu e quebrando as formas petrificadas do isolacionismo lingüístico. Somos, portanto, favoráveis à interpenetração dos diferentes usos da língua dentro do sistema comum, em proveito de todos. Afinal, a televisão brasileira leva a Portugal uma língua falada cheia de vitalidade, que é a mesma de lá, mas com expressão própria. E se alguém a isso se opuser certamente estará muito mais empenhado no desenvolvimento da força diversificadora do que na intensificação da força unificadora da língua. Para concluir, Sílvio Elia, como filólogo, já qie até aqui focalizamos sobre tudo o lingüista, tanto desenvolveu o espírito de análise, como o espírito de síntese, voltando-se para a valorização da minúcia científica, Concorreu, assim, em seus estudos, e concorreu muito, para colocar a fillogia no quadro geral das ciências do nosso século, quase todas orientadas para a ivertigação do infinitamente pequeno. De tal sorte que nos parece lícito fala em microfilologia, como se fala em microfísica (a física nuclear) ou mesmo em microbiologia. A tendência atual to nosso pensamento científico visa a levar às últimas conseqüências a pesquisa da minúcia, tanto no plano das ciências experimentais ou indutivas, como no plano das ciências hipotético-dedutivas, sem esquecer o plano das ciências humanas e sociais. Em tudo os especialistas se voltam para pormenor revelador ou conseqüente, antes mesmo de qualquer tentativa apressada de síntese. A própria psicologia de Gestalt, de base estruturalista, indica o melhor caminho para a verdadeira aprendizagem, que é a marcha do sincretismo para o sintetismo através do analitismo. A primeira estapa, a de percepção inicial, sempre nos traz uma visão de conjunto, necessariamente sincrética. Compete à análise desmembrar, minuciosamente, numa segunda etapa, os elementos integrados no conjunto. E a tarefa final de síntese consiste na recomposição lógia dos elementos desmembrados pela análise. Sílvio Elia tinha perfeita compreensão de tuo isso, pois sabia que, em nível universitário, mais fecunda será a síntese quanto mais pormenorizada for a análise. Mas daí, da própria excelência do método, nasce uma dificuldade, que alguns especialistas não conseguem ultrapassar. Referimo-mos àquele que se perdem na análise de minúcias, por vezes inconseqüentes, não tendo forças para chegar à verdadeira síntese. Por isso, ficam apenas na segunda estapa do processo, incapazes de concluir. Os estudos filológicos de Sílvio Elia, de acordo com o que aqui procuramos dizer apresentam apuradíssimo espírito de análise, pois alcançam o átomos lingüístico, a exemplo dos traços fônicos distintivos de um fonema numa série correlativa. Mas ele sempre soube o caminho de volta, exatamente aquele que possibilita a reintegração dos micro-elementos desmembrados, apresentando então o sistema fônico da língua em sua totalidade, mas em termos de síntese. Que dizer agora, nestas palavras finais? Apenas que as novas gerações possam estudar intensamente e aprender, nas extraordinária obra científica que nos deixou que devemos sempre recolher as lições dos próprios erros, com indispensável humildade intelectual, para o progresso científico dos nossos estudos. Afinal, a vida se Sílvio Elia foi marcada por características bem definidas, entre as quais a sua consciência universitária, o seu espírito de pesquisa, o respeito à condição humana e a sua humildade cristã. Muito obrigado, Mestre e Amigo, pelas sábias lições que nos transmitiu. Lições de lingüística, filologia e literatura. Mas sobretudo lições de vida.” 

Após a fala do Sr. Presidente, foi franqueada a palavra aos presentes, tendo o Prof. Horácio Rolim dito que foi aluno, desde 1952, na graduação, do homenageado, e, depois, na pós-graduação. Destacou o aspecto didático, com um estilo claro, diáfano. Ressaltou também a obra Método de Latim, além de Compêndio de Língua e Literatura, livro que une o texto ao ensino de língua. Os comentários de Sílvio Elia definem todo o conhecimento do autor. Isto é que vai caracterizar, definir o autor. Toda a geração do Prof. deve muitíssimo a Sílvio, por suas aulas, por seu ensinamentos e por sua humildade, finalizou o Professor Horácio. A seguir, o Prof. Bechara leu uma mensagem do Prof. Cavaliere: “Impedido de estar presente nesta homenagem ao Prof. Sílvio Elia, em face de compromissos familiares, não poderia furtar-me a algumas palavras, ainda que breves, em ocasião tão importante parta todos os que devotam a vida ao estudo da língua portuguesa. Hoje, rendemos um preito de justo reconhecimento a este brasileiro que soube como poucos fazer de sua existência motivo de orgulho de uma nação. Sou da geração que conheceu Sílvio Elia pelos livros, pelas páginas dos Ensaios de Filologia e Lingüística, Sociolingüística e tantas outras obras de rica fundamentação científica. Conhecê-lo pessoalmente foi um privilégio que cultivei em proveitosas consultas, a que, sempre cordato e gentil, nunca se furtava. Sílvio tinha o saber sereno dos que sabem onde pisam, e a sabedoria dos que conhecem seus próprios limites. Percorria as sendas da linguagem humana com a cerebrina lucidez do lingüista e a envolvente paixão do filólogo: fortiter in re, suaviter in modo.Um traço peculiar de sua extensa bibliografia é a leitura sempre atual, que cobriu todos os novos paradigmas da Lingüística contemporânea. Afeito aos estudos historiográficos, Sílvio escreveu vários textos nessa área, em que a produção lingüístico-filológica é objeto de comentário e avaliação crítica, sempre bem fundamentada. Hoje, Sílvio Elia está na pesquisa historiográfica não como sujeito, mas como objeto. Seu nome, creio, não poderá faltar em obra que pretenda traçar os rumos das idéias lingüísticas. O meu primeiro contato com o nome de Sílvio Elia remonta à década dos 60 em que, aluno do Colégio Pedro II, consultava as páginas do opúsculo “100 textos errados e corrigidos”, escrito em co-autoria com o irmão Hamilton. O livro, que a princípio deixa supor mera função normativa, constitui hoje excelente fonte de pesquisa sobre a língua escrita padrão, sobretudo em face dos conceitos iniciais sobre a classificação do erro gramatical. Sílvio, como se sabe, tinha verdadeira obstinação pelo magistério. Manifestava-se com freqüência expressiva nos peródicos do Rio de Janeiro, sempre que julgava necessária uma palavra de apoio ao professorado, ordinariamente menosprezado pela classe política brasileira. Sua palavra, assim tão sincera e vigorosa, cobria de ânimo os que se deixavam subjugar pela mão opressora do Poder Público em seu desapreço ao ensino. Tudo isso faz Sílvio uma pessoa especial, cuja memória se deve preservar como exemplo de conduta nesta profissão tão sacrificada, a despeito da importância de que ainda se reveste na sociedade contemporânea. A você, Sílvio, o agradecimento sincero de um discípulo.” O Prof. Bechara disse que de sua parte gostaria de trazer o testemunho do romanista, do pesquisador extraordinário que escreveu no Brasil, com todas as deficiências bibiliográficas, um livro que só pode ser escrito pelos grandes gênios: Preparação à lingüística românica. É livro que cobre não só todo o percurso das línguas românicas, mas da problemática teórica que envolve seu estudo. E Sílvio soube fazer um livro magnifico. Aqui na UERJ há uma assistente a quem o Mestre Bechara presenteou com um livro de uma professora norte-americana, que escreveu sobre as línguas românicas. Bechara considera o livro de Sílvio Elia bem superior ao da norte-americana, escrito recentemente. Isso enobrece o homenageado. Apesar da idade, Sílvio nunca deixou de freqüentar as livrarias, nunca deixou de estar a par do que se publicava e lhe chegava às mãos, O Professor é como Capistrano de Abreu dizia do Prof. Said Ali, e diz agora o Prof. Bechara do Sílvio, o Prof. Said Ali não é daqueles que se comparam, é daqueles que se separam. O Prof. Manoel P. Ribeiro registrou três momentos de sua vida universitária com o Prof. Sílvio Elia, principalmente na UFF, quando o homenageado foi seu professor em Lingüística, em dois semestres. Em segundo lugar teve a satisfação de presidir a sessão do congresso do Prof. Leodegário em homenagem a Sílvio Elia, em que a Prof.ª Hilma Ranauro apresentou sua obra “Contribuição à historiografia dos estudos científicos da linguagem no Brasil”. Por último O Prof., Manoel foi o responsável pela gravação de um vídeo de duas sessões da Academia, com imagens do Prof. Sílvio Elia, e prometeu à família do homenageado que oferecerá uma cópia do trabalho. O Prof. Castelar de Carvalho manifestou sua satisfação de ter sido assistente do Prof. Sílvio Elia, na cadeira de Lingüística, na Faculdade de Letras da FAHUPE, durante oito anos. Afirmou ter aprendido com ele Lingüística no Mestrado da UFF, juntamente com os professores Horácio Rolim e Manoel P. Ribeiro. Lembrou, ainda, frase do Prof. Horácio, no velório de Sílvio, mostrando que o Mestre Sílvio era um professor insubstituível. Sílvio foi o prefaciador do seu primeiro livro “Para compreender Saussure”, agora em oitava edição. Agradeceu publicamente o apoio e ensinamentos de Sílvio e pediu um salva de palmas para o homenageado. O Prof. Luiz César Saraiva Feijó disse que, de volta de uma viagem à Argentina, viu, no fax, a notícia do falecimento do Prof. Sílvio Elia. Entrou em contacto com os professores Leodegário e Manoel, que confirmaram o falecimento. Imediatamente quis prestar uma homenagem ao Mestre de sua geração, que auxiliou em seu trabalho sobre a linguagem do futebol e que o recebeu na Academia, fazendo o discurso de saudação de sua posse. Feijó escreveu um artigo que foi publicado em jornal da cidade do Porto, em Portugal. Dedicou uma cópia desse trabalho à D. Maria José Elia. Desejou à família da homenageado toda a felicidade, pois viver com Sílvio foi realmente uma felicidade para todos nós. O acadêmico Paulo Silva de Araújo fez o seguinte discurso em homenagem a Sílvio Elia: “Sílvio: Tiveste a nossa presença de acadêmicos no cortejo fúnebre e hoje a tens aqui. Lá, foi entre mausoléus; cá, é num templo do saber. Levantas-te do féretro, onde teu corpo, imóvel, arrancava de nós compaixão e pedaços de vida. Estávamos ali testemunhando-te o comparecimento de amigos certos. Se Ênio também fora, diria a cada um de nós: "Vere. Amicus. certus in re incerta cernitur". Depositamos-te na campa silente e fria, que recorda muito o sentimento grego. Os helenos chamavam à necrópole "coimetérion", dormitório. Comparavam os dânaos a morte a longo sono. Assim figuramos a teu respeito, julgamos a teu acerca: não morreste; dormes! Por isso, conduzimos-te para o "coimetérion". Tua alma agora ouve as polifonias da orquestra celeste. Bom que eras, Deus te abriu, ao certo, sorriso e braços ao receber-te. Tua família tranqüilamente crê nesta recepção. Nós outros jamais duvidaríamos. Pessoalmente, devo-te. Foste quem despertou em mim, nos primórdios da adolescência, o amor do vernáculo. Graças a ti, acho-me falando. Na "Casa de Rui Barbosa", meu patrono, compuseram a mesa diretora na cerimônia de minha posse, três fúlgidos astros: Leodegário, Vitorio Bergo e Sílvio Elia. "Gratias agimus tibi", colendo mestre de Latim! Agradecemos-te! Sabe tu, Sílvio: nunca te ausentaremos.” Hilma Ranauro solicitou que, como biógrafa de Sílvio Elia, fossem registrados todos os textos de homenagem a Sílvio Elia. Disse que ele foi professor ao qual deveríamos pagar pela orientação que dava aos alunos. É impressionante o que ele sabia, chegando até a mencionar a página em que se achava determinado assunto. Quando foi orientada para a dissertação de Mestrado, de Doutorado e para o trabalho de biógrafa, ele sempre apontava um novo livro sobre o assunto em estudo, a fim de que se acrescentassem novas lições sobre o português no Brasil. Incomodava-a vê-lo levantar-se para pegar livros. Ele dizia que o filólogo que não se levantava não era filólogo. Pediu autorização para ler um poema dedicado a Sílvio: DERIVATIO NATURALIS/ DERIVATIO VOLUNTARIA: “Sim, mestre, / exponha e transforme o saber./ Delegue-se ao que faz/ e desfaz/ e refaz./ Vasculhe, investigue, retome, recrie, inverta e reivente/ o sabor do saber/ na troca/ terna/ e eterna/ no ofertar-se/ e dar-se/ inteiro./ Continue, permaneça/ no fazer-se ouvir/ no dentro do questionar-se/ e questionar sempre./ Olhe e ouça aquele que o ouve e olha:/ na pergunta, na dúvida, / a pista para a investigação/ do devir da linguagem e do ser/ no ir e vir do seu terno mutar./ Imprima-se, / na lousa-memória, / como mestre e amigo, /amigo mestre.” O Prof. Carlos Alberto passou a palavra ao Prof. Leodegário que disse ter a Academia dois agradecimentos a prestar: o primeiro pela presença altamente honrosa do embaixador Afonso Arinos, que fez questão de estar presente, apesar de outros compromissos. Ao Prof. Carlos Alberto agradeceu pela presença, representando o Reitor da UERJ, e lhe ofereceu, em nome da Academia, o livro Estudos Universitários de Lingüística, Filologia e Literatura, homenagem a Sílivo Elia, obra que já está praticamente esgotada, pois não existe o hábito de reeditar obras filológicas. Ao falar das dez linhas de pesquisa de Sílvio Elia, fez referência a Mattoso, Serafim e a Gladstone, esquecendo-se de mencionar o trabalho de Celso Cunha, que também foi grande estudioso, estando hoje representado na Academia por sua filha Cilene da Cunha Pereira. O Presidente também fez referência à presença do acadêmico Claudio Cezar Henriques, Diretor do Instituto de Letras. A seguir passou às mãos do Prof. Carlos Alberto o livro que mostra, pela colaboração internacional, o prestígio de Sílvio Elia não apenas no Brasil mas também nos países europeus. O Prof. Carlos Alberto leu um registro do Prof. José Pereira de que o Prof. Sílvio Elia era sócio honorário do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos e nunca faltou aos congressos realizados pelo Círculo. Assim, o III Congressso, a ser realizado na UERJ de 16 a 20 de agosto do corrente ano, será em homenagem ao Prof. Sílvio Elia. Em seguida, o Prof. Carlos Alberto fez uma agradecimto ao pai do embaixador Afonso Arinos, que prefaciou um livro de sua autoria sobre os programas dos partidos políticos, lançado antes da primeira eleição direta, após o regime militar. No prefácio, há uma belíssma exposição, quase um novo livro, na obra que compôs o Prof. Carlos Alberto com o deputado Brandão Nogueira. A palavra passou para Maria Cristina, filha do Prof. Sílvio Elia que, em nome da família, agradeceu à Academia, ao Instituto de Letras, ao Prof. Leodegário e a todos os professores e alunos pela amizade e pelo carinho ao Prof. Sílvio Elia, e manifestou seu orgulho pelo trabalho do pai, ao qual gostava de ouvir como aluna, assim como gostava de ouvi-lo combatendo o descaso dos governos para com o magistério no Brasil. Como não houvesse mais nada a tratar, o Prof. Carlos Alberto de Oliveira deu por encerrada a sessão. E para constar, lavrei a presente ata que vai assinada pelo Presidente e por mim, Segundo Secretário.

 

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