Aos dez
dias do mês de abril de mil novecentos e noventa e nove, no auditório RAV 112
do Instituto de Letras da UERJ, no 11o. andar, foi realizada a
primeira sessão administrativa da ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA. Aberta a
sessão pelo Sr. Presidente, Leodegário de Azevedo Filho, foi aprovada a ata da
sessão anterior em homenagem ao Prof. Sílvio Elia. Tratou-se, a seguir, de
discutir a composição das várias comissões para os projetos da Academia. O Prof.
Leodegário justificou a ausência de Evanildo Bechara, que coordena o trabalho
do dicionário biobliográfico da ABF. O Prof. Horácio justificou as ausências de
Olmar Guterres da Silveira e Carlos Alberto Short, que se encontram
hospitalizados, e de Adriano da Gama Kury, que está gripado. O Presidente
declarou que já completou seus verbetes e solicitou aos confrades que
apressassem o trabalho, pois se trata de obra fundamental para a Academia, pois
a filologia de língua portuguesa no Brasil se encontra diluída, não se sabendo
quem é quem. Com o dicionário pronto, será possível conhecer uma parte da
história da filologia no Brasil. Um outro projeto é o da revisão da
Nomenclatura Gramatical Brasileira, que teria Sílvio Elia como presidente.
Outros membros são Manoel P. Ribeiro. Ricardo S. Cavaliere, José Ricardo da S.
Rosa, Cilene Cunha , Jayr Calhau, Antônio José Chediak. A outra comissão, ainda
sem coordenador, é a do Domício Proença Filho sobre Machado de Assis. A
comissão da Revista da Academia tem, como coordenador, o Prof. Antônio Martins
de Araújo, além de Castelar e Cavaliere. Manoel Pinto Ribeiro é o Secretário
Geral da Revista e já está trabalhando com o Prof. Leodegário, que abriu uma
pasta para receber os trabalhos. O Presidente solicita que os interessados entreguem
seus artigos até o dia trinta de junho deste ano, a fim de que sejam digitados.
Vai-se, depois, discutir a colaboração de especialistas estrangeiros como
Bernard Pottier, Eugênio Coseriu, Paul Tessier, grandes nomes da filologia.
Haverá cinco seções na Revista: editorial, entrevista com um filólogo, resenha
de livros, que interessem à área de filologia, noticiário de como vai a
filologia portuguesa no Brasil, com um representante da Revista em cada universidade
brasileira, além de seção de homenagens. Cada número será dedicado a um grande
nome da Filologia. O primeiro homenageado poderá ser o Prof. Sílvio Elia. O
Diretor responsável será o Presidente da Academia. O Prof. Ricardo Cavaliere
deverá marcar uma reunião para tratar da revisão da NGB. O Prof. Manoel
relembrou que o Presidente sugeriu uma comissão para discutir a reforma ortográfica,
com Manoel Pinto Ribeiro, Antônio Martins de Araújo e Paulo Silva de Araújo. A
última comissão é a do congresso de julho: BRASIL - 500 anos de Língua Portuguesa,
no período de 26 a 30 de julho próximo. A seguir foi distribuída uma circular
com a programação do congresso. O Presidente informou que José Pereira da Silva
possuía uma relação de endereços de participantes. O Prof. Leodegário passou a
ler, então, a circular, mostrando que o congresso contaria com a colaboração da
Sociedade Brasileira de Língua e Literatura, a fim de houvesse subsídios
financeiros de entidades culturais, que fazem exigências dentro das normas
legais. Informou o Presidente que, graças ao empenho de Cláudio Cezar
Henriques, dentro em breve a Academia terá o seu alvará de localização, já
havendo uma sala na UERJ onde funcionará a Academia, num convênio com a
universidade. Para se obter o apoio financeiro para o congresso, a Sociedade
Brasileira de Língua e Literatura apresenta todas as condições necessárias para
solicitar a colaboração de diversas entidades. Haverá um livreto com toda a
programação que será enviado a todos que estiverem inscritos. Tudo isso envolve
um gasto muito grande A taxa de inscrição é de R$25,00 para professores e de
R$15,00 para alunos. No temário do congresso, há assuntos que abrangem desde o
século XVI até o século XX.: transplante da língua portuguesa e sua implantação
no solo brasileiro, sua oficialização como língua nacional, a língua portuguesa
em contacto com a língua indígena brasileira, gramática de Anchieta. O Prof.
Cavaliere foi convidado para fazer parte de uma palestra sobre este último
tema, juntamente com a Profª Ione Leite da UFRJ, que falará sobre as línguas
indígenas brasileiras, em especial sobre o tupi, língua falada na costa do
Brasil, ao tempo de Anchieta, e que era a base da língua geral. Os demais
acadêmicos que desejarem fazer conferências têm um prazo de trinta para indicar
o tema e fazer a inscrição. A aproximação dos 500 anos de Língua Portuguesa no
Brasil tem um especial sentido e reclama uma profunda reflexão não apenas sobre
a cultura brasileira, em sentido amplo, mas também em particular sobre a
implantação da Língua Portuguesa em solo americano e sua oficialização como
língua nacional. No congresso haverá uma comissão com todos os membros da
Academia Brasileira de Filologia, visto que ele interessa fundamentalmente a
Brasil e Portugal, além da África, pela contribuição das línguas africanas para
o português do Brasil. Do exterior virão muitos filólogos, como Eugênio
Coseriu, um dos maiores teóricos da linguagem no mundo, além do Prof. Dr.
Carlos Reis, da Universidade de Coimbra, atualmente diretor da Biblioteca
Nacional de Lisboa. Estamos aguardando resposta de João Malaca Casteleiro, de
Lisboa, de Jorge Moraes Barbosa, José Augusto Cardoso Bernardo, de Coimbra,
profundo conhecedor de Gil Vicente, José de Pina Martins, atual presidente, da
Real Academia das Ciências de Lisboa, grande figura da cultura portuguesa. Da
Espanha virá Xosé Manoel da Silva, que é da Galiza, pois a língua portuguesa
tem sua raiz em comum com a galega. Como não houvesse mais nada a tratar, o
Prof. Leodegário deu por encerrada a sessão. E, para constar, lavrei esta ata
que vai assinada pelo Senhor Presidente e por mim, Manoel Pinto Ribeiro,
Segundo Secretário.
|