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ATA DA SESSÃO SOLENTE DE POSSE DOS ACADÊMICOS ANTÔNIO NUNES MALVEIRA E
AGENOR RIBEIRO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA, EM 30-04-99

 

Aos trinta dias do mês de abril de mil novecentos e noventa e nove, às l6,00 h, na Rua Teixeira de Freitas, número cinco, sala 313, na Federação das Academias de Letras do Brasil, no Rio de Janeiro, Centro, realizou-se a sessão solene de posse dos acadêmicos ANTÔNIO NUNES MALVEIRA, na cadeira cinco, Patrono Francisco Varnhagem, e FRANCISCO AGENOR RIBEIRO DA SILVA, na cadeira sete, Patrono Batista Caetano, na ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA. Aberta a sessão, foi aprovada a ata da sessão de 10.4.1999. A seguir, o Sr. Presidente constituiu a mesa dos trabalhos e deu a palavra ao Prof. EVANILDO BECHARA, que fez o seguinte discurso de recepção ao Prof. Malveira: “Recebe hoje a Academia Brasileira de Filologia o Prof. Antônio Nunes Malveira, professor de Língua Portuguesa e historiador, que ocupa a cadeira nº 5, cujo patrono Francisco Adolfo varnhagen, também exerceu uma atividade intelectual nas áreas das letras e da história, por sinal, o iniciador dos estudos históricos com base científica, segundo o parecer abalizado dessa genial figura que foi João Capistrano de Abreu. Temos, assim, por uma dessas coincidências felizes, um companheiro que percorre as mesmas sendas do seu patrono, num desses prenúncios de que entra para esta agremiação um companheiro com todas as credenciais para honrar o seu patrono e prosseguir as atividades de Varnhagen e de seus sucessores nesta Academia.O professor Antônio Nunes Malveira nasceu na cidade que tem sido testemunha ocular da história nordestina e celeiro de notáveis homens do Ceará. Completou o curso primário na localidade de Olho D’água da Bica, município de tabuleiro do Norte, e o seu ginásio, cursou-o no ginásio Diocesano Padre Anchieta e, depois, no Seminário da Prainha, em Fortaleza, sob a orientação didático-pedagógica dos padres Lazaristas. Terminado o Seminário, apetrechado nas humanidades, dirige-se ao Rio de Janeiro, em busca de horizontes mais largos. Aqui chegou em 1952 – com quantos anos o historiador nos oculta – para concluir o secundário, findo o qual se submete ao vestibular aos cursos de Letras da UERJ, logra aprovação e matricula-se em Letras Clássicas. Aí bebe o saber e a cultura de mestres notáveis, entre os quais faz questão de lembrar os nomes e as figuras de Antenor Nascentes, Clóvis Monteiro, Júlio Barata, Fernando Barata, Fernando da Silveira, e assiste aos primeiros vôos de novos professores seus, hoje mestres consagrados, como Olmar Guterres da Silveira, Dirce Riedel e Leodegário A. de Azevedo Filho. Bacharel e Licenciado em Letras em 1960, candidata-se ao magistério público e nele ingressa, por concurso de provas e títulos, como professor de Português do nosso Estado, e em 1965 conquista o lugar de professor de Latim no colégio Pedro II, então Meca de sonho de todo profissional do magistério brasileiro. Conquistados os lugares que lhe garantissem a sobrevivência material, não lhe arrefeceram os arroubos intelectuais; continuou estudando, aperfeiçoando-se, formou uma biblioteca condizente com seus compromissos de professor e de pesquisador. Para os horizontes das pesquisas de língua e de história, enfronhou-se nos alfarrábios das bibliotecas, e daí tirou material para nos brindar, entre outras, com excelentes contribuições sobre as figuras de David Peres (que honrou a UERJ e esta Academia) e de Fausto Barreto, responsável por uma reforma que alargou os horizontes do ensino no Brasil, introduziu os modernos métodos de ensino de língua e promoveu a elaboração de compêndios gramaticais que guardam até hoje a marca de sua importância e de seu valor, como as gramáticas de João Ribeiro, Pacheco da Silva Júnior e Lameira de Andrade, Maximino Maciel, Alfredo Gomes e Hemetério dos Santos. No campo da história, levantou o período histórico do Limoeiro de Dom Aureliano Matos (1998) e a história da ascensão e queda dos coronéis, em raízes destes últimos se entroncam figuras familiares ao nosso novo companheiro de Academia. Poderia registrar mais alguns de seus dotes intelectuais o de suas produções em livros e artigos; mas numa época em que, no panorama cultural do Brasil, escasseiam os verdadeiros valores, digo ao senhor presidente e aos meus pares que entra hoje definitivamente nesta nossa Academia um valoroso companheiro do trabalho e de jornada que, cumprindo as exigências do nosso regulamento, muito auxiliará nossa agremiação a realizar os planos que se propôs e as atividades que dela esperam os professores e os estudiosos de Filologia Portuguesa.” Após o discurso do Prof. Bechara, O Prof. ANTÔNIO NUNES MALVEIRA fez o juramento em que prometeu cumprir o estatuto da Academia e trabalhar pelos estudos filológicos, comparecendo às sessões. Recebeu, a seguir, o capelo e o medalhão, símbolos da Academia. Logo após, o novo acadêmico dirigiu a palavra aos presentes, nos seguintes termos: “Francisco Adolfo de Varnhagen nasceu a 17 de fevereiro de 1816, em São João de Ipanema, localidade vinculada à cidade de Sorocaba, Estado de São Paulo, filho do Sargento-mor do Real Corpo de Engenheiros, Francisco Luís Guilherme de Varnhagen, de origem alemã e de Dª Maria de Sá Magalhães, portuguesa. Tinha oito anos, quando em companhia da família mudou-se para Portugal, onde fez os estudos primário e secundário, e, depois o de engenharia, obtendo o título de engenheiro em 1840. Quatro anos depois, já se encontrava no Rio de Janeiro; e, logo foi admitido como oficial do Imperial Corpo de Engenheiros do Exército Brasileiro. Em 1842, ingressou na carreira diplomática, representando o Brasil na Espanha, Chile, Peru, Paraguai, Venezuela, Equador, e, por fim, Ministro Plenipotenciário na Áustria. Sua permanência no exterior foi produtiva, pois realizou sérias pesquisas nos arquivos de Madrid e Lisboa, encontrando documentos indispensáveis à sua obra histórica; e na sua correspondência ativa, publicada pelo Instituto Nacional do livro com amigos influentes no exterior e com nosso Imperador, sempre mostrou preocupação com a nossa formação cultural. Colaborou intensamente na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Foi membro da Real Academia de Ciências de Lisboa, o que não era fácil. Com 23 anos, colaborou em O Panorama, ao lado de Oliveira Martins, Alexandre Herculano e Rebelo da Silva, já com fama de escritor e historiador. Casou-se com uma chilena, Dona Carmem Ovalle Castilho, com quem viveu uma existência feliz e tranqüila. Sempre foi um homem disciplinado e rígido, e, sob esse aspecto, ele sempre se manteve fiel às características da raça teutônica. Patrono da cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras que, foi ocupada por outro historiador, também de vasta cultura, Manoel Antônio de Oliveira Lima. Tinha uma cultura diversificada, era matemático, historiador, cartógrafo, poeta, dramaturgo e biógrafo; a sua obra abrange vários títulos com uma produção literária substanciosa, e seu caminho intelectual se distanciou da profissão de engenheiro, senão vejamos, através de suas obras: Épicos Brasileiros - Lisboa, 1843, Amadeu Bueno - drama histórico americano em 4 atos, Lisboa, 1847, Caramuru - romance histórico brasileiro, Rio, 1856, Florilégio da Poesia Brasileira - três volumes, reeditado recentemente pela Academia Brasileira de Letras, e que, segundo Capistrano de Abreu é um esboço de História da Literatura, onde muitos bebem ensinamentos sem confessar a fonte. No entanto, sua obra primordial é a História Geral do Brasil, reeditada e anotada por seu discípulo, Rodolfo Garcia. Não podemos nos esquecer de seu precioso livro, lutas com os holandeses no Brasil desde 1624 a 1654. Participou, indicado pelas autoridades portuguesas, de uma comissão especial para analisar as composições dramáticas representadas no Conservatório Real de Arte Dramática em Lisboa, sendo o relator, tal era o seu prestígio naquela Corte, que suas conclusões foram aceitas por unanimidade pelos membros da Comissão. Recebeu várias condecorações de Rainha e Reis da Europa em homenagem ao seu trabalho cultural e à sua eficiência como diplomata. Em síntese, este é o nosso Varnhagen que, apesar de graduado em Matemática, dedicou-se aos estudos da Literatura e da História e, sobretudo, amou o Brasil. PROFESSOR CLEMILDO LYRA DE ARRUDA - meu ilustre antecessor. O estado de Pernambuco durante o século XIX, e grande parte deste, foi o principal centro cultural do Nordeste, e, sem dúvida, um dos mais importantes do país. Destacavam-se ali três instituições modelares de ensino: o Seminário de Azeredo Coutinho, em Olinda, onde se plasmaram célebres pensantes que se distinguiram nas revoluções de 1817 e 1824, tais como: Frei Caneca, Padre Mororó, Senador Alencar, e tantos outros. Foi uma escola de heróis e de líderes. O Ginásio pernambucano fundado em 1825, fonte de estudos humanísticos, sérios e eficientes, donde saíram muitos jovens, já preparados, e à altura dos ensinamentos universitários da época. E a Faculdade de Direito que, sem ferir as instituições citadas, ocupou a supremacia nos debates acadêmicos. E por aquele ambiente de reflexões abstratas, passaram homens como Augusto Teixeira Freitas, figura ímpar em seu mundo jurídico e que aplainou o caminho para Clóvis Beviláqua elaborar seu monumento jurídico - o nosso Código Civil que até hoje mantém conceitos e princípios científicos inalteráveis. Clóvis, o sistemalizador do nosso Direito, foi aluno e Professor de Direito Comparado no Recife. Paula Batista, o maior processoalista de seu tempo, respeitado e admirado pelos juristas alemães; Tobias Barreto, o polemista, Pontes de Miranda, Nabuco, Rui, e muitos outros que compõem a galeria dos nossos homens ilustres. Esta era a Recife da época, a civitas das pesquisas jurídicas e filosóficas, onde se preferiam a cultura do espírito às ganâncias do lucro. Neste Estado de sólida formação humanística, nasceu o professor Clemildo Lyra de Arruda, na cidade de Caruaru, a terra dos irmãos Condé que deram grande contribuição ao Brasil no setor das letras, das artes e da ciência. Clemildo transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde continuou seus estudos. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil e licenciou-se em Letras Clássicas pela Faculdade Nacional de Filosofia na mesma Universidade. Percebendo que não sentia vocação para advogar, enveredou pelo caminho do magistério, dedicando-se à formação cultural da mocidade brasileira. Era um homem de estudos permanentes, filólogo, conhecedor do vernáculo, latinista e helenista, dominava o Latim e o Grego. Católico fervoroso, estudioso da Bíblia, cujos textos, lia-os na língua de Horácio e de Homero, cotejando-os com paciência filológica; e, por último, estudava o Hebraico para melhor compreender a mensagem cristã. Era apaixonado pela cultura grego-latina, e dos poetas romanos, ele admirava Horácio e Catulo, e na Grécia preferia a Píndaro que, segundo o professor Nascentes, era um dos esteios da Grécia. Amava a verdade e abominava os improvisos; talvez, em virtude de seu ideal de perfeição, não escreveu uma obra a altura do seu talento. Mas nem sempre os escritores são os mais eficientes. Sócrates nunca escreveu, e, no entanto, é um dos maiores vultos da cultura helênica. Clemildo, além das letras, fez incursões no mundo da Filosofia, assistindo a aulas específicas no Mosteiro de São Bento, onde foi oblato e lecionou Grego aos futuros monges. Lecionou Latim no Colégio Pedro II, durante 30 anos, e Grego no Liceu Literário Português, e Língua Vernácula nos Colégios do Estado, e em muitos outros estabelecimentos de renome no Rio de Janeiro. Era admirador do Padre Leonel França cujas obras comentava, destacando a Psicologia da Fé, livro que muito contribuiu para seu aprimoramento espiritual. Foi aluno do Curso de Doutorado na Faculdade Nacional sob a orientação do ilustre mestre, Professor Souza da Silveira, analisando I - Juca - Pirama de G. Dias. E ainda freqüentou vários cursos de extensão Universitária. Clemildo, além de sua vasta cultura foi um homem de Deus, profundamente religioso e nunca comentava os defeitos dos colegas, pois, neles só via as virtudes. Ao longo da vida, distinguiu-se sempre pela firmeza do seu caráter, do amor à família, da solidariedade aos amigos e da fidelidade à sua Igreja Católica, aos seus princípios e aos seus dogmas, sempre envolvido em estudos teológicos. Como vicentino visitava constantemente os pobres de Deus, os doentes nos hospitais, levando-lhes sempre uma dose de otimismo e uma palavra de conforto. Como educador foi um plasmador de almas no conceito filosófico do termo, pois convencia seus discípulos da importância das palavras na comunicação social, e, neste aspecto foi um evangelizador. Não era daqueles que consistem em ver as árvores, mas não percebem a intensidade da floresta na sua beleza e sua harmonia. Não, isto nunca, porque não era egoísta, nem individualista, ele percebia o todo no seu conjunto, daí sua capacidade de formar através da educação uma consciência nacional, pura e patriótica, sem as mazelas que atormentam a nossa civilização ocidental; e que a vida não é apenas um vaso de flores. Levou uma existência de meditações superiores e deixou na alma de cada aluno a beleza da fé, que mesmo dentro dos redemoinhos, a obra de arte permanece, uma vez que ela é eterna, e nela está a premissa da felicidade social e salvação da pátria como um todo. Rui Barbosa num de seus belos discursos, disse: “Ensinei, com a doutrina e o exemplo, mais ainda com o exemplo que com a doutrina”. O Professor Clemildo, sendo um educador, de espírito vocacional, um magister perfectus, não desprezou a doutrina, visto que ela nos conduz ao debate das idéias, porém foi com exemplos que ele semeou e plantou sua obra de educador no coração de seus discípulos. Professor Clemildo acreditou sempre no seu magnus labor, quase apostólico, por isso, inseriu na alma de seus educandos os valores humanísticos, a fé nos postulados supremos da vida: a dignidade, a prudência, o apego aos atos morais, a fidelidade às instituições e amor à nossa soberania ferida, sem o que todas as nações serão cinza. Enfim, a ausência de seus ensinamentos, nos dias de hoje, em que a cultura clássica necessita de luz e fé nos caminhos da nova civilização que se nos avizinha, a sua figura humana nos faz enorme falta. Mas é assim mesmo, os homens de bem nos deixam sempre a saudade. E ele, ao partir com sua alma de monge e sorriso de criança, alcançou a eternidade e, escutando o coro angélico, uma voz suave, um sussurro divino chamou: Entra, Professor Clemildo, aqui é a morada dos justos.” Após o discurso do Prof. Malveira, o acadêmico Paulo Silva de Araújo fez o discurso de recepção ao acadêmico Agenor Ribeiro, nos seguintes termos: “Nesta solene faixa de horas, a veneranda Academia Brasileira de Filologia empossará os eleitos para membros efetivos, meus diletos amigos Francisco Agenor Ribeiro da Silva e Antônio Nunes Malveira. Correspondem seus discursos ao mais amplo e relevante sucesso do momento. Costumado é ouvir, bondosos espectadores, a pessoas afirmar: o poeta nasce. Atribui-se a declaração ao Cícero imorredouro: nascitur poeta. Latiniza a sentença – digo em metáfora atrevida – a fantasia de que, antes de abrirem os olhos para o mundo e os lábios para o vagido, os bardos, se puderam, em vez de choro, cantariam: “As armas e os barões assinalados...” ou “Eras na vida a pomba predileta...”, o eterno milagre cósmico do nascer, já o esperam, em alvoroço de musas, Polímnia e Calíope. A direção para, no provir, falar estrelas dispensa escolha: acha-se-lhe reservada carinhosamente na rosa-dos-ventos da existência. Poeta nascitur. O outro, não. Deus o criou, Zeus o aguarda. O choro amargo do berço pressagia as lágrimas do empenho futuro. Há de subir o Olimpo, se a ele aspirar, com denodo e martírio. Sacrifício obrigatório: o estudo, largo, assíduo, laborioso, infatigável. Venha de que origem vier tal especialista. Faz-se. Fit philologus. Ocorre a feitura por mais de um gênero. A Filologia. Eis, benévolos audientes, o domínio onde flora a doce alegria acadêmica, o poderoso encanto que deslumbrou e fascina dezenas de almas opulentas de sabedoria correlata, o móbil de convivência geradora de vastos efeitos para a nação brasileira. Que natureza – indagariam quaisquer de vós, distintos convidados, aos membros do sodalício – que natureza profunda e sedutora possui esta imagem que os acadêmicos, nós, cultuamos em nosso templo? Eis a escultura sublime: a Filologia. Como objeto de aprendizado, enlaça dois sentidos básicos: lato e escrito. Em acepção lata, gravou-nos o abalizado mestre lusitano o parecer, elevado aqui à essência universalizante, de que Filologia é “o estudo da língua em toda a sua amplitude, no tempo e no espaço, e acessoriamente o da literatura, olhada, sobretudo, como documento formal da mesma língua”. Em sentido estrito, demos algumas posições. Gladstone Chaves de Mello: “Estudo científico de uma língua ou família de línguas atestadas por documentos escritos”. Sílvio Elia: “ciência lingüística que tem por objeto o estudo de fatos da linguagem incorporados a uma tradição escrita”. Mattoso Câmara Júnior: “estudo da língua na literatura”. Silveira Bueno: “conhecimento da civilização de um povo, num dado momento da sua história, através dos seus monumentos literários”. Jean Dubois: “ciência histórica que tem por objetivo o conhecimento das civilizações passadas através dos documentos escritos que elas nos deixara: estes nos permitem compreender e explicar as sociedades antigas”. Bem velha a palavra; muitíssimo velha a ciência. Surgiu esta nos povos de mui outrora, quando perceberam a necessidade urgente de elucidar os textos arcaicos dos seus documentos literários e religiosos. Aos hindus lhes competia esclarecer os sagrados Vedas, poemas bramânicos redigidos em sânscrito, os mais distantes. Para os gregos do século III antes de Jesus clarearem as epopéias homéricas e os poemas líricos vetustos, empreenderam estudos consideráveis em Alexandria. Sobressai no cometimento a fisionomia severa de Aristarco, o samotrócio. Do termo servia-se Platão para dupla referência. Uma: gosto de conversar a modo elegante. A outra emergia nesse ato: em semelhantes proseios, correntes, belos e eruditos, máxima tinham lugar e de realce os versados em Filosofia, Literatura e nos enredos mitológicos nacionais. Nessa fase, o termo gozou de três sinônimos: eruditus, grammaticus e criticus. Tão majestosa é a palavra (philologus, philólogos), já pelo conteúdo, já pelo sonoro, que Eratóstenes, em Alexandria, e Ateio Pretestato, em Roma, atribuindo a si o dúplice qualificativo de benéloquos e senhores de conhecimentos longos e multiformes, apendiciaram à sua denominação o título de filólogo. Locomovendo-se, o tempo evolveu pela semântica da expressão. Graças a Wolf, Schleicher, Müller, auferimos o moderno significado de Filologia. No transcurso dos séculos XV e XVI, chamava-se filólogos nas rodas cultas aos que portassem real ciência da antiguidade greco-latina e, nas últimas dezenas do século XVIII, Filologia nomeava o complexo das revelações do intelecto humano onde e quando houvesse. Em seguida, traduziu: reunião de estudos solicitados para conhecer literariamente uma língua. Pelo étimo, vocábulo oriundo da Grécia, composto de philos, amigo, amante, logos, palavra, linguagem, mais o sufixo –ia, com o i tonificado, indicativo de ciência, Filologia é amor das letras, da erudição, do discorrer, sobretudo em prosa. A grafia vocabular, Roma foi que no-la trouxe. Houvéssemos porém, acolhido a prosódia romana, teríamos Filogia, pois o i da penúltima é breve. A pronúncia se nos impôs. Ciência histórica, não se empenha o filólogo no estudo da língua em si própria, mas como recurso para informar-se das civilizações pretéritas, socorrendo-se dos monumentos escritos que nos legaram. Visa a Filologia a interpretar o pensamento literário das épocas findas. O idioma lhe aproveita, pois, a essa luz, como instrumento que foi para manifesto das comoções artísticas de algum povo. Só existirá Filologia onde haja documentos grafados a molde literário, partos de civilizações. Penetrando os segredos estéticos das letras idas, é que se alcança entender e explicar as sociedades transatas. Nesse território específico, no qual os caminhantes são raros, campeia o filólogo. Designa-se nossa corporação Academia Brasileira de Filologia. Aí se oferta espaço evidente para as atuações de Filologia Clássica, Românica e, por essa virtude, a Portuguesa. Que procura, em suma, realizar por maior a ciência filológica – boníssimos convidados? – Apurar, com rigor, se os textos são em verdade autênticos. – Recompô-los. – Restabelecer-lhes a genuinidade, se lhes praticaram inserções. – Torná-los o mais achegados possível ao intuito do escritor.– Examinar-lhes apuradamente as singularidades lingüísticas e literárias. – Concorrer para melhor conhecimento do idioma e civilização do povo a que pertencer a língua. – Quando factível, publicar os textos assim perfeitos. Vede em qual mundo esplêndido irá luzir o meu colega Agenor. Dou-vos agora, companheiros acadêmicos, breve exemplo relativo à conferência de alegações textuais. Dos livros que me inflamaram, em adolescente, para o estudo apaixonado de problemas lingüísticos foi o “Questões de Português”, de Assis Cintra. Dentre os capítulos, o epígrafo “Anomalia do verbo ir”. Francisco Agenor Ribeiro da Silva nasce na Fazenda Angustura, Região de Jaibara, Município de Sobral, Ceará, no dia 26 de fevereiro de 1917, filho de Elpídio Ribeiro da Silva e Rosa Portela da Silva. Começa os estudos primários na Fazenda, por três meses, aos onze anos, quando fica trabalhando na agricultura e na pecuária até aos dezenove anos e meio, quando se muda para Sobral a fim de trabalhar e estudar. Aí permanece três meses no Externato Luís Filipe. Deixa Sobral e se dirige para Fortaleza em busca de emprego no intuito de prosseguir os estudos. Consegue trabalhar e estudar no Colégio Castelo Branco, onde se torna prefeito e depois diretor do Internato. Neste, chega ao terceiro ano secundário, ocasião em que se vende a escola à Diocese. Transfere-se no quarto ano para o Ginásio Farias Brito, no qual ultima o secundário, já como professor do primeiro ao quarto ano, de Francês e Português, mediante assinatura dos professores registrados. Matricula-se no Colégio São João, onde se elege orador oficial dos estudantes cearenses. Tendo de representá-los no Primeiro Congresso de Estudantes Secundários do Brasil, em Salvador, Bahia, 1943, resolve nesse ínterim migrar para o Rio de Janeiro, interrompendo o Curso Clássico. No Rio inteira o secundário no Colégio Vera Cruz, no qual inicia magistério. Cursa a Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette em História, Geografia e Antropologia, e o bacharelado na faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. Ao mesmo tempo, freqüenta, pelo DASP, o curso de Técnico de Imigração e Colonização do Itamarati, especializando-se em Colonização. Forma-se em Línguas Novilatinas na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette. Aprimora-se em Geografia na Cadeira de Geologia com o Professor Everardo Bakheuser. Cursa Histórias Plásticas na Escola de Belas Artes e o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. Bacharela-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Realiza curso de extensão de Processo Civil com o Dr. Eliézer Rosa. Representa, em 1948, o Itamarati na Conferência de Imigração e Colonização em Goiânia, e em 1949 os Estudos Universitários do Distrito Federal no 11º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Salvador, Bahia. Em São Paulo, 1950, vê-se a representar os estudantes universitários do Distrito Federal no 12º Congresso da União Nacional dos Estudantes. TRABALHOS ESCRITOS: Defesa de Calabar”; “Pan-Americanismo”, “Estruturação Política do Império do Brasil”, no sesquicentenário do Senado federal; Tese de Concurso: “Pátria Potestas no Direito Romano”; “A Pena de Morte no Brasil Autônomo”, e dezenas de artigos publicados em revistas de Academias de Letras a que pertence. ATIVIDADES EDUCACIONAIS: Colégio Vera Cruz: Português, Latim e Francês. Colégio Brasileiro de Almeida: Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira. Colégio Melo e Souza: Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira. Colégio Brasileiro de São Cristóvão: Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira. Colégio Pedro II: História geral, do Brasil e das Américas. Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas: Direito Romano, Direito Civil e História dos Direitos dos Povos. Faculdade de Direito da PUC: Direito Civil. Faculdade de Direito Bennett: Evolução do pensamento Jurídico. Escola de Líderes: História das Doutrinas Políticas, Geografia Humana e Econômica do Brasil e Direito Constitucional. Colégio Cruzeiro: História Geral e do Brasil. Colégio Andrews: História Geral. Colégio Hebreu Brasileiro: Geografia. PRÊMIOS: Prêmio de História Jônatas Serrano, por haver tido as maiores notas de História, 1949. Prêmio Civilização Brasileira, por haver tirado a maior média de todos os cursos de Filosofia, 1949. ENTIDADES CULTURAIS A QUE PERTENCEU: Associação Brasil-Alemanha (ABRAL), Sociedade Brasileira de Romancistas, Academia Cearense de Ciências, Letras e Artes do Rio de Janeiro, Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes, Academia Guanabarina de Letras, Academia Brasileira de Literatura, Academia Carioca de Letras, Academia Brasileira de Ciências Morais e Políticas, Academia Luso-Brasileira de Letras, Academia Pan-Americana de Letras e Artes, Academia de Ciências, Letras e Artes Ana Amélia. Delegado da Academia Cearense de Letras junto à Federação das Academias de Letras do Brasil, Academia de Jornalismo e Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Ex-Presidente da federação das Academias de Letras do Brasil – 1996 – 1997. Ex-Presidente da Academia Brasileira de Literatura – 1998. Inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Rio de Janeiro. Delegado da Academia Cearense de Letras. Amigo Agenor. Irmanamo-nos vai por anos. Acompanho as provas da tua cultura polimórfica, excelente orador. Sei de quanto és capaz. Não lutaria jamais a fito de entrares em nosso colégio, se te não mostrasses em nível dessa dignidade. Ótimo seria que este jardim de Academus recebesse apenas Vasconcelos, Serafins, Antenores e Boléos. Fora portanto. Conheço-te bem o potencial. Afianço que trarás, com ânsia, margaridas e brilhantes para nossa ourivesaria. Recordamos, os acadêmicos, que exige a Filologia nada só Lingüística, Poética, Estilística, inclusive o Grego e o Latim, mas ainda História, Geografia, Hermenêutica, Direito Antigo, Religião, Mitologia e outras. Lembremo-nos de Camões nos “Lusíadas”. Crê firme: ao chegares, a Academia Brasileira de Filologia te abraça nas minhas palavras. Agenor, para o ameno festejo de tua posse, junto, a esse quadro periódico, leve página tecida pelo orador acerca de formosa brasilidade: A LÍNGUA NACIONAL: A Língua Portuguesa não é apenas idioma. É órgão de catedrais nas horas dos grandes concertos. Língua suave, fácil, que possui o vocábulo mãe, entre nós sem rima; que tem a palavra sozinho, única intérprete da solidão extrema; que abrange o termo saudade, de sentido ímpar no mundo lingüístico. Língua rica, seleta, cheia de bondades. Veio de longe em caravelas e naus, e deve ter sido um milagre de maravilhas o primeiro nome português exclamado ao romper o Brasil. Língua plangente para chorar os mortos! Língua risonha para celebrar a vida! Afeto, impulso do coração, que todo patriota venera. És o metal dos nossos segredos, a nave bendita de nossas preces e a poderosa magia de nossos cânticos! Vem, Agenor! Vamos para o Capitólio!” Findo o discurso do Professor Paulo Silva de Araújo, o acadêmico Francisco Agenor da Silva Ribeiro fez o juramento, prometendo trabalhar pela filologia e participar das sessões, respeitando o estatuto da Academia. Recebeu o capelo e o medalhão, símbolos da Academia, e emitiu o seguinte discurso de posse: “Quis Deus que fosse para mim esta festa a mais importante de toda a minha vida, pois hoje realizo um sonho que alimento desde 1939, quando encetei os estudos de Filologia, na leitura assídua de toda a obra do saudoso filólogo português Cândido de Figueiredo. Era para mim, naquele tempo, tido como um grande conhecedor da Língua Portuguesa e, por isso, li avidamente todas as suas obras na esperança de dominar os segredos do idioma de Camões. Só mais tarde pude compreender que longe estava do domínio da expressão filológica da Língua Pátria, e que era preciso ir buscar outros ensinamentos mais seguros nos verdadeiros Mestres da Linguagem e da Filologia. Vai para quatro anos que vinha recebendo convite do meu eminente amigo Professor Doutor Leodegário Amarante de Azevedo Filho, nosso ilustre Presidente, para aceitar a minha indicação como candidato a uma vaga, e eu me desculpava por estar ocupando a Presidência da Federação das Academias de Letras do Brasil, e não dispunha de tempo suficiente para dedicar-me a este Sodalício, no qual tenho hoje a honra de ingressar. Não queria ser um Acadêmico fantasma, sem comparecer nem dar qualquer contribuição. Hoje aqui estou para principiar agradecendo aos meus ilustres pares pela honra que me concederam, conferindo-me seus votos que me permitiram vir ocupar uma Cadeira, a de nº 07, que era ocupada pelo eminente Professor Vittorio Emannuele Bergo, cujo passado de glórias faz que jamais seja esquecido nesta Casa. Sua presença é marcada por um rastro indelével de luz que há de brilhar eternamente. Agradeço, em especial, ao eminente Acadêmico e meu velho e fraternal amigo Professor Doutor PAULO SILVA ARAÚJO por ter aceito ser meu introdutor diplomático, como padrinho em Letras, nesta hora em que ingresso neste majestoso Sodalício onde cultuamos a Filologia. Prende-nos uma velha e sólida amizade que nos une fraternalmente por vários anos de convívio caloroso no campo das Letras. Cumpridos os agradecimentos de estilo, cabe-me agora fazer panoramicamente um rápido esboço da biografia do meu Patrono BATISTA CAETANO. BATISTA CAETANO DE ALMEIDA NOGUEIRA - pseudônimos – Macambúzio e Bendrac, nasceu em 5 de dezembro de 1826, em Jaguari, MG. Filho do Coronel Felisberto Antônio Nogueira. Quando cursava o 1º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, foi recrutado para servir ao Exército. Foi reconhecido como cadete e cursou Engenharia, bacharelando-se em Matemática pela Escola Militar, como alferes do Estado-Maior de 1º classe. Demitiu-se, passando ao exercício da Engenharia. De 1857 a 1858 foi professor de Francês e Matemática no Colégio de Pedro II. Por 16 anos até sua morte, a partir de 1866 foi vice- Diretor dos Telégrafos. Foi sempre um estudioso de nossa Língua e, dedicado aos estudos lingüísticos, deixou obras no gênero. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Politécnico, e fundador da Instituição Previdência de Amparo aos Necessitados, Inválidos. Faleceu em 21 de dezembro de 1882 no Rio de Janeiro. OBRAS: Um livro - Macambúzio, 1856, Rio. Ecos da Alma (poesias), 1856. Trovas, Sonetos e Consonetos - Bendrac, Rio – s/d. De Lingüística: Introdução à Arte de Gramática da Língua Brasileira da Nação Kiriri, do Padre Luís Vicêncio, Rio, 1877. Apontamentos sobre o Abaneenga, Rio, 1876. Esboço Gramatical do Abaneenga, Rio, 1879. Rascunho sobre a Gramática da Língua Portuguesa, Rio, 1882. Páginas do Dicionário da Língua Brasileira, inacabado. Tradução para o Abaneenga da Estância CXL do Canto 10º de Os Lusíadas, “Gazeta de Notícias”, Rio, 1880. BASÍLIO DE MAGALHÃES. Nasceu em Barroso, Estado de Minas Gerais, em 14 de junho de 1874. Filho de pais pobres, fez seus primeiros estudos na Escola João dos Santos, premiado com medalha de ouro. Prestou exames perante a Princesa Isabel, que lhe presenteou uma pequena biblioteca. Para pagar seus estudos trabalhou na Gazeta Mineira de São João Del Rei. À noite fazia o curso de Humanidades, sob a direção do Professor Sebastião Rodrigues Sete Câmara. Deixou a Gazeta Mineira por revelar tendências republicanas, e passou a trabalhar no jornal Pátria Mineira. Mudou-se para São Paulo para poder estudar Direito, embora se lhe tornasse impossível por questão financeira. Fez concurso para a Cadeira de História do Brasil, em Campinas, em São Paulo, no ginásio local ao lado de Coelho Neto e Raul Soares Moura. Com extraordinária memória voltou-se para os estudos de línguas, tendo aprendido Francês, Inglês, Alemão, Italiano, Espanhol, Árabe, Sueco, Romeno, Húngaro, Holandês, além do Latim e Grego, que conhecia profundamente. Estudou o Tupi-Guarani, deixando um dicionário dessas Línguas. Ingressou na Política e foi eleito Deputado Estadual, Federal e Senador Estadual, quando lutou pela nacionalização do Clero, como nacionalista extremado. Defendeu a participação da mulher na vida pública com direitos iguais aos homens, bem como o direito dos índios. Proferiu várias conferências sobre o tema: O Grande Doente da América do Sul. Seis vezes candidato à Academia Brasileira de Letras com o apoio de Rui Barbosa, Pedro Lessa, Conde de Afonso Celso, e outros, mas não foi eleito, tendo apenas recebido prêmio dela em 1927. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Foi Diretor da Biblioteca Nacional e do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, onde lecionou por muitos anos. Membro das Academias de Letras Mineira, Paulista e Fluminense. Faleceu em 14.12.1957 em Lambari. Obras escritas por Basílio de Magalhães: Íris, 1899; Versos Antigos, lírica de Stecchetti; Dicionário Tupi-Guarani;Alma Viúva (contos); Estudo a respeito de Bernardo de Guimarães (ensaio); O Suplício de Caneca Revolução de 1824; O Bandeirismo no Brasil; Expansão Geográfica no Brasil até fins do século XVII; Estudos da História do Brasil; A Guerra do Paraguai; Lições de Geografia de São Paulo;Os Bororos; Tratamento das Crianças Anormais de Inteligência, e Pela República Civil.. VITTORIO EMANNUELE BERGO. Meu ínclito antecessor VITTORIO BERGO. Grande é o vácuo que deixou o meu conspícuo antecessor na Cadeira nº 07, o saudoso e indeslembrável Mestre VITTORIO EMANNUELE BERGO e maior é a minha responsabilidade em sucedê-lo, pois é impossível substituí-lo a contento à altura de uma figura tão extraordinariamente culta como foi o festejado Professor de inúmeras gerações da nossa juventude. Por mais que me esforce na missão que me cabe, certo é que muito longe ficarei de corresponder às exigências que o cargo me impõe, visto tratar-se de um verdadeiro gigante dos conhecimentos gramaticais, filólogos e lingüísticos, tão vastos e tão profundos que me encantam e extasiam. Prometo, todavia, tudo fazer para desincumbir-me das responsabilidades que pesam sobre meus ombros de octogenário consciente dos deveres que se impõem. Hei de, movido pelo idealismo e pelo sentimento do dever cumprido, empregar todas as minhas forças e meus parcos conhecimentos no desempenho da missão que ora assumo. Nascido em Piraúba, MG, em 02 de outubro de 1902. Filho de João Bergo e de Henriqueta Vecchi Bergo. Casou-se com Tarcília Salazar Bergo em 29 de setembro de 1927, casamento que durou 63 anos. Batizado e professor presbiteriano na Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte pelo Pastor Américo Cardoso de Meneses, em 1915, e membro ultimamente da Igreja Presbiteriana de Copacabana. Dados Profissionais: Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio Estadual de Minas Gerais e pelo Ginásio Evangélico de Lavras, MG, equiparado ao Colégio de Pedro II, Pedagogia pelo Instituto Evangélico de Lavras, atual Instituto GAMMON, Língua Portuguesa, curso de extensão com Otoniel Mota, Psicologia pelo Instituto Makenzie, SP, e Línguas Neolatinas pela Universidade do Distrito Federal. Concursos: Ensino Técnico do antigo Distrito Federal, RJ, Catedrático de Português do Colégio Estadual de Minas Gerais, Catedrático de Português do Colégio Pedro II. Atividades : Aposentado pelo Colégio Pedro II e pelo Instituto de Educação do Estado do Rio de Janeiro, tendo exercido atividade não remunerada de colaborador em jornais e revistas. Outros estabelecimentos em que lecionou: Ginásio Evangélico de Manhuaçu, MG, Colégio do Instituto Gammon, Faculdade de Pedagogia do Instituto Granbery, Colégio Estadual de Juiz de Fora e Instituto Comercial Mineiro de Juiz de Fora e Instituto Bennett. Atividade especial em ensino: Curso de Professores (Aperfeiçoamento) do Ensino Secundário, Curso de Português pelo Rádio, ambos do Ministério da Educação e Cultura, Curso de Administração do DASP - Departamento Administrativo do Serviço Público (Português e Redação), do Ministério da Fazenda, Curso de Revisão de Português para Oficiais da Vila Militar, RJ. Função de Examinador: Participou de Bancas Examinadoras para Docência Livre de Latim no Colégio de Pedro II, de Português na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, de vestibular na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e no Departamento Federal de Educação. Comissões: Participou dentre outras comissões das da Reforma do Dicionário da Língua Portuguesa e da Nova Nomenclatura Gramatical Brasileira. Instituições culturais a que pertencia: Academia Brasileira de Filologia, Sociedade Brasileira de Romanistas, Círculo Lingüístico do Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Língua Portuguesa, Academia Evangélica de Letras do Brasil e Academia Juizforana de Letras. Produções literárias: Filosofia do Professor Cristão, Machado de Assis e a Religião, Raul Pompéia e a Involução do Sentimento Religioso, José de Alencar - Indianismo e Religião, Júlio Ribeiro - Inteligência Rútila, Fé Bruxoleante, Guerra Junqueira e o Cristianismo, Bocage - Poeta crente, Um Pároco Exemplar (As Pupilas do Senhor Reitor) Antônio José da Silva e a Inquisição, A Epopéia Camoniana e o Maravilhoso Pagão, e a Bíblia na Linguagem de Hoje e a Bíblia como Fonte Literária. Teses de Concursos: Da Gradação Dimensiva e Intensiva; A Concorrência Pleonástica da Preposição com o Prefixo; Aspectos Lógicos, Analógicos e Estilísticos da Transitividade Verbal. Obras Didáticas: Compêndio de gramática Expositiva; Novo Programa de Português: Gramática Histórica, Literatura Portuguesa, Literatura Brasileira; Estudos de Português e Redação Oficial; Os Verbos Portugueses ao Alcance de Todos; Hierarquia de Valores na Concordância do Verbo Ser; Consultor de Gramática e de Estilo; Pequeno Dicionário Brasileiro de Gramática Portuguesa, e Erros e Dúvidas de Linguagem. Cargos de Direção: Reitor do Instituto Granbery, Diretor do Instituto Gammon, Escola Normal C. Dutra. Eis aí a imagem grandiosa do conspícuo Mestre Vittorio Bergo, cuja presença nesta Casa muito a engrandeceu e muito contribuiu para elevar o nome da Academia Brasileira de Filologia. Seu saber era desmedido, sua cultura era erudita, seus conhecimentos eram multifários, pois abrangiam os mais diversos campos do saber humano. Homem de inabalável convicção religiosa, científica e filosófica, jamais se enredou em assuntos que não dominava; era homem “de saber certo de experiências feito” no dizer de Camões. Viveu para servir e não para servir-se. Serviu a Deus, serviu à Religião, serviu à Cultura, serviu ao Magistério, serviu à Pátria, serviu à Academia Brasileira de Filologia à qual emprestou todo o seu brilho de filólogo eminente, sábio lingüista e honrado cidadão, cuja imagem imaculada exornará sempre o recinto augusto deste Santuário da Ciência da Linguagem onde pontificou com a sua imensa sabedoria e bondade.” Terminado o discurso do novo acadêmico, como não havia mais nada a tratar, os presentes foram convidados a participar de um coquetel, tendo sido encerrada a sessão. Para constar, lavrei a presente ata que vai assinada pelo Presidente e por mim, Manoel Pinto Ribeiro, Segundo Secretário.

 

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