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ATA DA SESSÃO SOLENE DE POSSE DOS ACADÊMICOS FERNANDO OZÓRIO RODRIGUES e HILMA PEREIRA RANAURO, NA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA, EM 01 DE OUTUBRO DE 1999

 

Ao primeiro dia do mês de outubro de mil novecentos e noventa e nove, na sede do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense, situada no Bloco C do Campus de Gragoatá, em Niterói, Rio de Janeiro, foi efetuada a sessão solene de posse, na Academia Brasileira de Filologia, dos acadêmicos Fernando Ozorio Rodrigues, na cadeira dois, Patrono Antônio Vieira, e Hilma Pereira Ranauro, na cadeira trinta e quatro, Patrono Alberto Faria, às dezessete horas. Aberta a sessão, o Sr. Presidente, Leodegário Amarante de Azevedo Filho, constituiu a mesa com o Segundo Secretário, Manoel Pinto Ribeiro, o Vice-Presidente, Evanildo Bechara, o Prof. Carlos Alberto da Cruz Wenceslau, que representava a Srª Chanceler Vera Costa Gissoni, da Universidade Castelo Branco, Maximiano de Carvalho e Silva, Antônio José Chediak. Estiveram presentes outras personalidades como a Profª Nélia Bastos, Diretora do Instituto de Letras da UFF, Carolina Gouveia, Sueli Reis, Robert Preis, Ana Lúcia Cerqueira, Vice-Diretora do Instituto de Letras, Humberto Fernandes Machado, Diretor do Centro de Estudos Gerais André Luiz Trouche, Chefe do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFF. A seguir, O Sr. Presidente deu a palavra ao Prof. Maximiano, que fez o seguinte discurso de saudação ao Prof. Fernando Ozorio Rodrigues: “No ano de 1944, um grupo de estudiosos da língua portuguesa, compreendendo a necessidade da existência de uma entidade que os congregasse para levar avante com mais proveito os trabalhos de defesa e ilustração do idioma nacional, tomou a deliberação de criar a 26 de agosto, numa sessão realizada em sala do Clube Militar, no Rio de Janeiro, a instituição a que se deu o nome de Academia Brasileira de Filologia. Nessa memorável sessão, aprovados os Estatutos da Academia, foi eleita a sua primeira Diretoria, sendo escolhido para exercer o cargo de Presidente, entre tantas outras figuras de projeção, o Professor Álvaro Ferdinando de Sousa da Silveira, então catedrático de Língua Portuguesa da Faculdade Nacional de Filosofia, que desde o ano de 1919 se impusera ao reconhecimento geral como um dos mais importantes pioneiros da renovação dos métodos de ensino da língua e da implantação do rigor científico nos estudos de Lingüística Portuguesa e de Crítica Textual no Brasil. Começava assim a funcionar auspiciosamente a Academia, desde logo com planos de trabalho do maior alcance. Convém lembrar que já no Artigo 1º dos Estatutos se apresentava como objetivo da Academia “o trato dos assuntos concernentes à Filologia e à Lingüística sob seus vários aspectos”. Não se tinha na época, o que é compreensível, como muitos estudiosos não têm ainda hoje uma noção exata do significado e extensão do termo Filologia, mas o fato é que os eminentes professores e mestres da língua reunidos em 1944, com a denominação que escolheram para a sua associação, tiveram em mente que o âmbito de atuação da Academia era muito amplo, abrangendo todo o tipo de estudos e pesquisas relativos aos fundamentos das ciências da linguagem e em especial à língua portuguesa como expressão da cultura luso-brasileira. Como se sabe hoje, podendo o termo Filologia ser usado em pelo menos duas outras acepções, confundindo-se os seus objetivos com os da Lingüística Aplicada ou com os da Crítica Textual, é, no entanto, a acepção mais ampla de estudo da língua em todas as suas manifestações a que prevalece em Portugal e no Brasil, em decorrência das posições adotadas por notáveis lingüistas e críticos textuais como Leite de Vasconcelos, Carolina Michaelis, Sousa da Silveira, Serafim da Silva Neto e outros, a que devemos a nossa formação básica todos os que tivemos a felicidade de tomar conhecimento da gigantesca contribuição que deram ao desenvolvimento dos estudos lingüísticos, filológicos e literários no mundo de língua portuguesa. Lembre-se que na segunda edição das suas Lições de Filologia Portuguesa Leite de Vasconcelos definia Filologia Portuguesa como “o estudo da nossa língua em toda a sua amplitude, no tempo e no espaço, e acessoriamente o da literatura, olhada sobretudo como documento formal da mesma língua” (Lisboa. Oficinas Gráficas da Biblioteca nacional, 1926, p. 9). Nos seus mais de cinqüenta anos de vida, forçoso é verificar que a trajetória da Academia Brasileira de Filologia foi marcada, depois de um bom período inicial de funcionamento regular, por muitos tropeços, que a certa altura quase a imobilizaram por completo. Todavia, nunca faltou o idealismo de alguns acadêmicos, como o professor Antônio José Chediak, presente a esta sessão, para que a instituição nos momentos mais difíceis prosseguisse na sua caminhada, embora hesitante. A certa altura, a instituição afinal se revigorou, e enveredou por novos caminhos, norteados pelo propósito de fazer cumprir as nobres finalidades com que sonharam os seus idealizadores. Temos agora, desde algum tempo, um plano de atuação traçado, para a obtenção de cujos resultados se impõe mais que nunca a determinação dos acadêmicos de apoiar as diretrizes traçadas pelos dirigentes da Academia, sob a presidência do Professor Leodegário Amarante de Azevedo Filho, empenhados em assegurar o maior prestígio à instituição. Graças às medidas relativas ao aparelhamento da sede própria, instalada numa sala do prédio principal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), poder-se-á com mais segurança atingir a consecução dos nossos planos mais avançados, entre os quais se alinham a publicação de uma revista especializada, o reexame do problema da nomenclatura gramatical brasileira, a elaboração de uma gramática para orientar o ensino básico da língua, o estudo da língua e estilo de Machado de Assis, a publicação do terceiro volume do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de Antenor Nascentes, e outros mais que com liberdade podem ser propostos ao exame da comunidade acadêmica. Senhor acadêmico Fernando Ozório Rodrigues: A sua eleição para ocupar a vaga do nosso saudoso e inesquecível amigo Professor Alvacyr Pedrinha se insere na relação dos acontecimentos auspiciosos desta fase da grande renovação da Academia Brasileira de Filologia, instituição a que tem acesso pela porta larga do reconhecimento de verdadeiros méritos para ser admitido, sabendo que dela fizeram parte muitas das maiores figuras dos devotados cultores da nossa língua. Com efeito, para que se cumpram os planos a que fizemos referência, é imprescindível que os da sua geração, com outras experiências de vida, mais vigor físico e determinação segura, venham juntar-se, como está acontecendo, aos acadêmicos de mais idade, propiciando um estimulante confronto de pontos de vista e visões múltiplas para mais facilmente alcançarmos os nossos altos propósitos de defesa e ilustração da língua portuguesa, referidos no começo deste discurso. Ao velho professor que com ânimo forte, apesar do clima tão desalentador em que vivemos, subordinados a tão maus governantes, continua cumprindo a sua missão com a consciência cada vez mais aguda de ter pesadas responsabilidades diante de Deus como um mero peregrino a caminho da Eternidade, é realmente uma alegria imensa ver um dos seus mais devotados ex-alunos ingressar ingressar na Academia, atendendo a sugestões de antigos professores que conhecem de perto as suas qualidades raras, entre as quais a seriedade com que tem exercido o magistério e as funções e cargos de direção de que foi investido como merecedor da confiança dos seus companheiros de trabalho. Analisando o seu “curriculum vitae”, vejo que nele estão enfatizados logo de início os seus vínculos familiares, firmados na cidade de Rio Bonito, com que faz questão de manter permanente contato, cultivando o mesmo sentimento de fidelidade às origens que ligou o seu antecessor Alvacyr Pedrinha à terra natal, no Estado do Espírito Santo. Vejo que na vida de estudante do curso secundário teve entre outras experiências, e já em Niterói, a de aluno do Colégio Salesiano, de que mais tarde foi professor, e de que continua tão próximo ainda hoje, marcado como foi pelas diretrizes de vida e de magistério de Dom Bosco. Ao concluir os dois cursos superiores que teve ensejo de fazer, o de Português-Literatura no nosso Instituto de Letras em 1968, e o de Direito na Universidade do Brasil em 1969, já se iniciara pouco antes do magistério, no ano de 1967, o que hoje lhe dá mais de trinta anos de fecundo exercício da profissão, em turmas de nível secundário até 1998 da rede oficial, e no magistério superior a partir de 1985, ao se tornar mediante concurso público professor da disciplina de Língua Portuguesa da Universidade Federal Fluminense. Movido pelo desejo de aprimorar e enriquecer os seus conhecimentos, em 1983 obteve na UFF o título de Mestre, e desde 1995 vem fazendo o curso de Doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação do especialista em Linguística Portuguesa e em Crítica Textual Professor Edwaldo Cafezeiro. Da minha parte, posso dizer com segurança que, acompanhado de perto a sua trajetória na graduação e na pós-graduação em Letras, sei que nesses cursos os seus méritos têm sido reconhecidos ao longo dos anos por professores da UFF e da UFRJ, como Silvio Elia, Gladstone Chaves de Melo, Rosalvo do Vale, Evanildo Bechara ( seu orientador no mestrado), Carlos Eduardo Falcão Uchôa, Olmar Guterres da Silveira, Domício Proença Filho, Walmírio Macedo, Lúcia Helena, Paulo Roberto Pereira, Edwaldo Cafezeiro, Cleonice Berardinelli, Ettore Finazzi-Agro, Yone Leite, Maria Aparecida Lino, Helênio Fonseca de Oliveira, Teresa Cristina Cerdeira da Silva, Margarida Basílio, produzindo para obter os créditos dos cursos respectivos inúmeros trabalhos de pesquisa que também o credenciam, como provas de aplicação metódica e segura aos estudos da língua, a ocupar a vaga da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Filologia. tendo participado da comissão julgadora da sua tão bem elaborada dissertação de Mestrado sobre o autor quinhentista dos Contos e Histórias de Proveito e Exemplo, tive a tripla satisfação de comprovar o grande progresso que alcançara na carreira de pesquisador, de sentir a sua inegável vocação para os estudos de Crítica Textual e de verificar que na proposta de trabalho intitulada “Contribuição Para Uma Edição Crítica de Gonçalo Fernandes Trancoso” dera demonstração de entender a distinção entre “dissertação” e “tese”, o que o levaria a deixar para a fase do Doutorado, que concluirá em breve, a elaboração da edição crítica da obra de Trancoso, a qual pelo visto há de consagrá-lo como o maior especialista em estudos referentes a esse autor. Asua contribuição ao progresso dos estudos lingüísticos, filológicos e literários devem acrescentar-se os artigos que publicou em revistas especializadas e as apostilas que preparou para as suas aulas sempre ministradas com o empenho de favorecer o progresso dos alunos, a que devota particular atenção. Devo dizer mais que, de 1991 a 1994, embora já aposentado na UFF, tive a satisfação de acompanhar de perto a sua atuação de Vice-Diretor do Instituto de Letras, prestanto preciosa colaboração à digníssima figura da Diretora de então, Professora Maria Regina Kopschitz de Barros, ambos com o mais vivo empenho de proporcionar a todos nesta casa, professores, funcionários e alunos, um clima de trabalho marcado pelo absoluto respeito aos princípios que devem reger o funcionamento de instituições como esta. O mais importante acima de tudo é que no seu caso a dignidade profissional está intimamente associada ao pleno exercício dos deveres da cidadania, traduzidos nas suas atitudes de homem de profunda fé religiosa, de chefe de família exemplar, sempre disposto a colaborar para o progresso social. Tenho pois fundadas razões para estar muito honrado com o convite que me fez para ser seu Paraninfo na solenidade de posse que aqui se realiza. Depois de 10 anos de aposentado como Professor Titular de Crítica Textual desta Universidade, é com emoção que retorno ao querido Instituto de Letras a que consagrei 35 anos da minha vida profissional, o que me permite lembrar as inúmeras afinidades que nos unem, ilustre acadêmico. Vendo-o como integrante de turmas que estiveram um dia aos meus cuidados, forçoso é mencionar nesta oportunidade o quanto devo aos meus ex-alunos, graças à intercomunicação que sempre com eles procurei estabelecer, intercomunicação que hoje procuraria fazer de maior proveito para ambas as partes, porque a idade cada vez mais me faz perceber o papel do professor, não meramente um transmissor de conhecimentos, como por equívoco às vezes me julguei, mas sobretudo o incentivador das atividades próprias dos seus alunos. Aqui no Instituto de Letras o vi, acadêmico Fernando Ozório Rodrigues, nos contatos de vários anos com o aluno atento e interessado do curso de graduação ou do de pós-graduação, com o professor de Língua Portuguesa, com o Vice-Diretor do Instituto de Letras, como uma pessoa cheia de ideais, movida por uma noção exata dos seus deveres, capaz em todas as circunstâncias de contribuir para as grandes conquistas da vida profissional e o progresso das instituições de ensino e de pesquisa. Do seu currículo, consta ainda a comprovação da sua profícua e variada atuação como membro de conselhos superiores da Universidade, em outros cargos e funções da vida universitária, em congressos, semanas de estudos e encontros em diferentes cidades. Por tudo isto, está o ilustre acadêmico em condições de também na Academia integrar o grupo dos que tem verdadeiro discernimento para conhecer os verdadeiros valores e combater os erros e distorções que constituem permanente ameaça à vida educacional, cultural e intelectual no brasil e no mundo. No seu caso, vê-se perfeitamente que a busca de disciplinas e títulos (como os de Mestre, Doutor e Acadêmico) não visou acima de tudo a atender à vaidade pessoal, mas é conseqüência natural de uma atuação profissional que exige de nós esses rótulos para mais facilmente podermos contribuir para o progresso da sociedade. Não é o ilustre acadêmico, e com viva satisfação o dizemos, um daqueles que se valem dos títulos para menosprezar os que não os alcançaram; pelo contrário, com a formação moral que teve, sabe muito bem que a vida nos impõe uma atitude permanente humildade, de reconhecimento dos privilégios que temos neste mundo de milhões de pessoas marginalizadas e oprimidas, sabe muito bem que, como diz a máxima evangélica, “os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados”. Por isso, entendendo o exato valor dos títulos que recebe, e não se sentindo simplesmente por eles valorizado, poderá ser sempre, como professor ou como acadêmico, um agente da fraternidade cristã, de que tanto necessitamos no convívio social. No que diz respeito à sua presença como membro da Academia Brasileira de Filologia, o que os amigos e admiradores esperam é que, com a base de conhecimentos que acumulou e a rica experiência de magistério, em nível secundário ou em nível superior, venha juntar-se aos discípulos e seguidores de Manuel Said Ali, de Sousa da Silveira, de Serafim da Silva Neto, de Ismael de Lima Coutinho, de Antenor Nascentes, de Mattoso Câmara Júnior, de Celso Cunha, de Silvia Elia, de Antônio Houaiss, para citar apenas alguns dos já falecidos, na cruzada em favor do bom ensino da língua e da literatura, que supõe o combate aos preconceitos gramaticais, estilísticos e literários tão absurdamente difundidos ainda nos dias atuais. Participando dos grupos de trabalhos criados pela direção da Academia, estou certo de que terá sempre a orientá-lo os ensinamentos básicos das ciências da linguagem como a Lingüística, a Crítica Textual, a Teoria da Literatura, e as boas diretrizes firmadas pela Didática da Língua Portuguesa, preocupando-se acima de tudo com a difusão dos recursos variados de expressão linguística, com as necessárias distinções de usos em circunstâncias diversas, com comprovação da legitimidade de formas e construções condenadas pelos falsos sabedores, e repelindo sempre o ensino gramatical bitolado e voltado para questiúnculas como aquelas de que se ocupam alguns “consultórios gramaticais” mal orientados, estampados em páginas dos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Acadêmico Fernando Ozório Rodrigues: O título de acadêmico que acaba de receber, como já vimos, lhe foi atribuído em razão do seu comprovado amor ao estudo e ao ensino da língua portuguesa. Temos a certeza de que daqui por diante vai saber valorizar esse título, com uma proveitosa e radiosa atuação como membro da Academia Brasileira de Filologia. Deus o proteja sempre.” Após o discurso do Prof. Maximiano, o novo acadêmico, Prof. Fernando Ozorio Rodrigues fez o juramento, prometendo cumprir o estatuto da Academia Brasileira de Filologia, comparecendo às reuniões e zelando pela língua e literatura portuguesas. O Prof. Fernando Ozorio recebeu o capelo de Valdete BENEVIDES Ozorio, sua esposa, e o medalhão foi entregue pelo Prof. Rosalvo do Valle, tendo o pai do acadêmico entregado o diploma de posse na Academia. Em seguida, o Prof. Fernando Ozorio fez o seguinte discurso de posse: “Permitam-me iniciar esta fala com um trecho do Patrono da Cadeira no 2 desta Academia, o Padre Antônio Vieira:“Enfim, senhores, que não só havemos de ser pó, mas já somos pó: Pulvis es. Todos os embargos que se podiam pôr contra esta sentença universal, são os que ouvistes. Porém como ela foi pronunciada definitiva e declaradamente por Deus ao primeiro homem, e a todos seus descendentes, nem admite interpretação, nem pode ter dúvida. Mas como pode ser? Como pode ser que eu que o digo, vós que o ouvis, e todos os que vivemos, sejamos já pó: Pulvis es? A razão é esta. O homem, em qualquer estado que esteja, é certo que foi pó e há-de tornar a ser pó. Foi pó e há-de tornar a ser pó? Logo é pó. Porque tudo o que vive nesta vida, não é o que é: é o que foi, e o que há de ser.” (Antônio Vieira, Sermões, primeira parte, Lisboa, 1679, págs. 91 – 92.).Talvez possa parecer um contra-senso recorrer-se a uma citação que remeta para a idéia da fragilidade humana num pronunciamento de posse numa Academia de imortais. Mas, na verdade, este é um momento de intensa reflexão, reflexão sobre os fatos já passados de minha vida e reflexão sobre os projetos futuros. E neste ter sido e haverá de ser está o homem, definido por Deus como pó, na brilhante argumentação do nosso Patrono. O homem que busca o seu espaço, o homem que ocupa o espaço já ocupado por outros homens que, como ele, também foram pó, nesta sina dos seres que fizeram e que fazem esta Academia. Portanto, não há contradição, mas consciência e razão, pois o homem não pode esquecer-se de sua verdadeira natureza, principalmente nos momentos de reflexão. Não há contradição também porque o fragmento de texto citado é, conforme referi acima, de autoria do Patrono da Cadeira que ora assumo, a Cadeira de no 2, o Padre Antônio Vieira, a quem, neste discurso, devo prestar homenagem. E esta é uma tarefa que muito me honra e me orgulha, pois nada melhor do que enaltecer as qualidades daquele que foi o maior orador sacro da língua portuguesa. Antônio Vieira nasceu em Lisboa, no dia 6 de fevereiro de 1608. Com seis anos de idade, transferiu-se com a família para Salvador, capital da Bahia, onde fez todos os seus estudos e onde, em 1634, ordenou-se padre missionário da Companhia de Jesus. Sua inteligência privilegiada e o talento para a oratória tornaram-no famoso, fama a que correspondeu como professor de Teologia do Colégio da Bahia e pregador, na campanha de armamento moral e na resistência contra a invasão holandesa. Dessa época datam o Sermão de Santo Antônio, o Sermão da Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, o Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda, entre outros. A partir de 1641, já em Portugal, impôs-se como o maior orador da Corte, exercendo importante ação política junto a D. João IV, após o período da Restauração portuguesa. São dessa época os polêmicos pronunciamentos que fez em favor da causa dos judeus proscritos, defesa que lhe proporcionou inúmeros dissabores. Regressou ao Brasil em 1653, mais especificamente para o Maranhão, onde passou a empenhar-se na defesa da liberdade dos índios, vítimas da escravidão que lhes era imposta pelos colonizadores. Nesta ação sacrificou a saúde e pôs em risco a própria vida, mas trabalhou em consonância com a sua vocação de missionário. É dessa época um dos mais famosos sermões que proferiu, o Sermão da Sexagésima. A luta contra a cobiça dos colonizadores custou a Vieira e a seus irmãos missionários uma derrota: foram expulsos do Maranhão. Com isso retornou a Lisboa, onde teve de enfrentar os inimigos políticos, tendo sido preso, processado e condenado pelo Tribunal do Santo Ofício por crime de heresia profetista. Em 1668 foi perdoado, alcançou a liberdade e pôde viver uma fase de intenso prestígio. Em Roma, para onde se deslocou em 1669, a fama de seus sermões, o carisma de incansável defensor da liberdade dos índios, bem como o reconhecimento pelo fato de ser considerado um grande confessor, permitiram-lhe compensações para todos os reveses que sofrera até então. De volta a Portugal, em 1675, iniciou a edição de seus Sermões, obra que, depois de completa, chegou a dezesseis volumes. Em 1681, retornou definitivamente para Salvador, onde faleceu, no dia 18 de julho de 1697, com 89 anos de idade. De Vieira, a idéia que se tem hoje não se restringe apenas ao fato de ter sido um dos mestres da língua portuguesa, nem de ser considerado o maior orador sacro da literatura portuguesa e brasileira, mas predomina sobretudo o fato de ter sido uma das grandes personalidades da cultura do século XVII. Seja por sua atuação nos marcantes acontecimentos políticos, sociais e religiosos de sua época (a liberdade dos negros, dos índios e dos judeus; a Restauração portuguesa; os conflitos de interesse entre os países imperialistas; o profetismo em face dos dogmas católicos; os abusos da Inquisição; as questões dinásticas européias, entre outros), seja pela inteligência e profundidade com que, como escritor e pregador, discutiu esses problemas. Pode-se concluir afirmando que não é possível compreender o século XVII, na Europa e no Brasil, sem a leitura da obra de Vieira (aproximadamente 200 sermões e 500 cartas, além de algumas obras de profecia). Este é o perfil do Patrono da Cadeira que ora assumo: um monumento de cultura e um baluarte de caráter, de quem todos nos orgulhamos muito. A Cadeira de no 2 já teve quatro ocupantes: pela ordem, os professores Afrânio Peixoto, José Carlos de Macedo Soares, Aires da Mata Machado Filho e Alvacyr Pedrinha. Afrânio Peixoto, membro da época de fundação da Academia, além de escritor consagrado, dedicou-se à crítica literária, desenvolvendo um grande conhecimento da obra de Luís de Camões, conhecimento que se materializou na publicação das obras Dicionário de “Os Lusíadas” e Ensaios camonianos. José Carlos Macedo Soares, além de professor, destacou-se no campo das relações internacionais, tendo sido embaixador do Brasil em vários países. Aires da Mata Machado Filho, a rigor, foi o primeiro ocupante da cadeira com um perfil autêntico de filólogo, tendo legado vários trabalhos de mérito, que muito contribuíram para os estudos lingüístico-filológicos no Brasil. Sobre o saudoso companheiro, Alvacyr Pedrinha, meu antecessor na Cadeira de no 2, cabe uma palavra especial. Conheci-o quando iniciei minha carreira como professor desta Universidade, em 1985, compondo o quadro de docentes do antigo Departamento de Lingüistica e Filologia. Não cheguei a experimentar uma relação mais próxima com Pedrinha, mas nos muitos momentos de convivência pude constatar a correção de seu caráter e a grandiosidade de seu coração — sempre um intransigente defensor dos seus amigos, dos valores éticos da humanidade e das classes menos favorecidas —, além de seus predicados como filólogo e grande conhecedor da língua portuguesa. Alvacyr Pedrinha era capixaba, da cidade de Ibiraçu, onde nasceu em 9 de setembro de 1919. Era filho de Joaquim Pedrinha e de Noêmia Martins Pedrinha. Perdeu o pai quando tinha a idade de 4 anos, morte com a qual nunca se conformou e que parece ter sido responsável pelo temperamento de incredulidade que o acompanhou por muitos anos. Data dessa época o seu ingresso na escola, onde recebeu tratamento especial da professora, uma italianinha de olhos azuis, sua primeira paixão. Com a morte do pai, a família passou para a proteção dos avós maternos, Coronel Domício Martins da Silva e Dona Petrolina da Motta e Silva. Para Alvacyr, o convívio com o avô, a quem chamava “pai Domício”, foi extremamente frutuoso, pelo muito que o avô representou em sua vida. O Coronel Domício, além de comerciante, foi prefeito de Ibiraçu por dois mandatos, exercendo grande influência política no local. Em 1930, com 9 anos, Alvacyr Pedrinha deixou sua terra natal, transferindo-se primeiramente para Cachoeiro do Itapemirim e, em seguida, para Bom Jesus do Norte, de onde passou para Bom Jesus do Itabapoana e, finalmente, para o Rio de Janeiro, onde chegou em 1931. No Rio, prestou exames para o Colégio Pedro II, onde só ingressou dois anos mais tarde, em razão de dificuldades econômicas da família. Em 1939 faleceu sua avó, Dona Petrolina, a eterna companheira do “pai Domício”. Foi com o avô que Pedrinha adquiriu o hábito da leitura, atividade que realizavam em conjunto como um prazeroso lazer, leituras sempre seguidas de agradáveis debates sobre as obras lidas. O avô faleceu em 1947, deixando para a família uma herança da maior importância, fundamentada nos valores da fidelidade, da religiosidade, da solidariedade, do não abatimento diante das adversidades e do temor a Deus — traços de personalidade que Pedrinha herdou e resguardou até o final da vida. Do ponto de vista profissional, Pedrinha, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, exerceu na realidade, com muito amor e dedicação, a carreira do magistério. Licenciou-se em Letras Clássicas, em 1946, pela Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil. Com uma de suas colegas de turma, Dona Zoé Régua Pedrinha, veio a casar-se no dia 25 de janeiro de 1952, união da qual frutificaram cinco filhos e seis netos. Alvacyr Pedrinha, no ensino médio, foi professor do Colégio Pedro II, da Prefeitura do Distrito Federal, depois Estado da Guanabara, do Colégio de Aplicação da Faculdade Nacional de Filosofia e da MABE. No magistério superior, lecionou na Universidade do Estado da Guanabara, na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade Federal Fluminense. Aqui na UFF obteve o título de Livre Docente em Língua Portuguesa, credenciando-se para atuar nos cursos de pós-graduação. Pedrinha exerceu plenamente suas atividades acadêmicas na Universidade, tanto no ensino, quanto na pesquisa e na extensão. De sua lavra destacam-se três trabalhos acadêmicos de vulto. O primeiro é a tese de livre docência intitulada Estudo de variantes em Poemas de Murilo Mendes — tentativa de explicação semântica e estilística, trabalho com que Pedrinha coroou uma longa e exaustiva pesquisa sobre o grande modernista brasileiro, sobre quem já publicara alguns artigos. O segundo é o trabalho intitulado Conexão lusofônica Angola – Brasil, pesquisa na qual Pedrinha analisa as afinidades lingüísticas entre o português do Brasil e o de Angola, registrando neste fatos que até então eram considerados exclusivos daquele. O terceiro é o trabalho intitulado A letra do Hino Nacional Brasileiro, no qual realiza ampla análise semântico-estilística do texto do nosso hino pátrio, num discurso em defesa dos ideais sagrados da liberdade, mas sem se deixar trair pelo teor panfletário, evitando, com isso, indispor-se contra o regime militar então no poder. O meu amigo, Prof. Rosalvo do Vale, a quem devo essas preciosas informações sobre Alvacyr Pedrinha, fez chegar-me às mãos duas outras publicações de meu antecessor. A primeira, intitulada “Os Barões da Candeia”, de Ana Elisa Gregori: um romance questionador, de 1985, pela José Olympio Editora, é um estudo em que demonstra a excelência da linguagem narrativa da escritora Ana Elisa Gregori. No segundo trabalho, intitulado Um gramático de vanguarda e publicado no no 13, da Revista Contacto, da Fundação Cesgranrio, Pedrinha analisa com muita propriedade o perfil do grande mestre da língua portuguesa, o Prof. Sousa da Silveira, destacando-lhe a visão renovadora, manifesta principalmente na publicação de sua obra máxima, as Lições de Português. Homem natural de uma cidade do interior, Pedrinha buscou retornar a esse tipo de ambiente, tendo escolhido a localidade de Barra de São João, no Município de Casimiro de Abreu, como local para as suas horas de descanso e de lazer. Do convívio com a gente daquela terra, fortemente marcada pelo nome do grande poeta romântico, nasceram alguns textos como O mar de Casimiro de Abreu, de 1979, e Casimiro de Abreu e a Barra de São João, de 1980, no primeiro dos quais, sempre na perspectiva da análise semântico-estilística, faz o levantamento das ocorrências do vocábulo mar e compara o enfoque de Casimiro com o de outros poetas românticos; fazendo no segundo uma longa pesquisa para concluir ter sido de fato Barra de São João o berço do grande poeta. Espero que com esse conjunto de informações possa ter passado o perfil deste grande brasileiro, deste esforçado pesquisador, deste entusiasmado professor, deste zeloso e carinhoso chefe de família, deste grande amigo, a quem sucedo com muito orgulho na Cadeira de no 2 da Academia Brasileira de Filologia. Para finalizar não posso deixar de manifestar aqui os meus propósitos como novo integrante desta agremiação de cientistas da linguagem, bem como os meus agradecimentos às pessoas que de alguma forma me proporcionaram as condições para que eu pudesse subir mais este degrau em minha carreira acadêmica. Os propósitos com que assumo a Cadeira de no 2 direcionam-me no sentido da colaboração, com todo o meu esforço e competência acadêmica, para que a Academia possa realizar os projetos que se propõe. Estou consciente de que há muito por se fazer em favor da pesquisa filológica, buscando-se assegurar políticas de defesa do idioma que o resguarde do processo de dilapidação de origem interna e externa a que está submetido e valorizando-o como um monumento cultural de importância capital não só para o Brasil, mas também para toda a comunidade lusofônica. A Academia tem um importante papel a realizar neste processo e cabe a cada um de nós que a compomos a tarefa de reunir os elementos que assegurem a execução desses projetos. Aproveito a oportunidade para manifestar o meu mais profundo agradecimento aos meus pais, aqui presentes, Sr. Olivio Osorio Rodrigues e Sra. Maria Aparecida Rodrigues, que me geraram a vida, proporcionaram-me uma educação alicerçada nos valores cristãos, e que me amam profundamente. Devo agradecer também à minha esposa, Valdete Benevides Ozorio, companheira de 30 anos de vida conjugal, o amor, o carinho e o constante incentivo com o qual está sempre me impulsionando nesta caminhada em que busco realizar os meus projetos profissionais. Aos meus filhos, Leonardo e Giovana, também pelo carinho e pelas inúmeras alegrias que me têm proporcionado. E agora também à minha nora, Mariana, que em seu ventre tem em gestação nosso primeiro neto. Aos meus mestres e atuais companheiros de trabalho, em especial os Professores Maximiano de Carvalho e Silva, tão gentil nas palavras com que fez a minha apresentação, e Evanildo Bechara, ambos responsáveis pela minha indicação para compor o quadro da Academia Brasileira de Filologia. Aos meus colegas de profissão, companheiros de lutas e parceiros na aquisição do conhecimento, razão primeira do mister a que nos dedicamos. Em especial quero ainda manifestar o meu agradecimento e a minha homenagem à grande amiga, Professora Maria Regina Kopschitz de Barros, pela horas de intenso aprendizado humano, durante não só o período de convívio no Departamento de Filologia e Lingüística, mas também, e principalmente, durante os quatro anos no transcurso dos quais dirigimos este Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense. A Dona Maria Regina o meu mais profundo respeito e gratidão. Por fim agradeço a todos os meus amigos que me honraram com suas presenças, prestigiando esta cerimônia de posse na Academia Brasileira de Filologia.” Em continuação à sessão solene, o Prof. Evanildo Bechara fez o discurso de saudação à nova acadêmica Hilma Pereira Ranauro, cadeira 34, patrono Alberto Faria, na vaga do saudoso Sílvio Elia: “Uma reunião como esta assinala-se pelo inevitável fado da vida humana: um misto de tristeza pela ausência do companheiro, e de alegria pela certeza de que seu lugar será ocupado por outro companheiro que continuará a tradição da cadeira e garantirá a consecução dos objetivos centrais da nossa instituição cultural em prol do desenvolvimento dos estudos pertinentes às ciências da linguagem. Os insondáveis desígnios do Criador constantemente aproximam, nesse período da existência humana, nessa maratona da cultura em que aqui nos empenhamos, espíritos não só eleitos, mas também irmãos. A cadeira 34 da nossa Academia Brasileira de Filologia é um exemplo desses desígnios do Criador, pois tem representado um ponto de encontro dos ideais que moveram os espíritos lúcidos de Alberto Faria, Sílvio Elia e da colega Hilma Ranauro, que hoje ingressa oficialmente em nossa agremiação filológica com as boas vindas uníssonas dos seus pares. Traços exteriores unem esses três parentes culturais, como, por exemplo, a precocidade: Alberto Faria, aos 14 anos, inaugura na cidade do interior paulista São Carlos o jornal A alvorada, e labutou no jornalismo por 25 anos consecutivos e fecundos; Sílvio Elia também estreou cedo no magistério e na produção lingüístico-filológica, o que lhe merecera a honra e glória de ter sido, por escolha, o primeiro assistente do primeiro presidente da nossa Academia, o inesquecível mestre Sousa da Silveira; Hilma Ranauro, desde cedo inclinada à carreira do magistério com título de professora primária, formada pela Escola Normal Sra Kubistchek, tem sue percurso sido assinalado por vitórias consecutivas que hoje lhe garantem, por justiça e por mérito, o ingresso nesta Academia. Mas o que mais une e aproxima esses três acadêmicos ocupantes da cadeira 34 é o amor e devoção ao estudo sério, à pesquisa, à procura particular para compreender o geral, à descrição para carrear elementos decisivos à conceituação e à definição. No campo que nos interessa mais de perto, Alberto Faria produziu essas duas pérolas de livros, infelizmente muito pouco conhecidos e ainda menos lidos, intitulados Aérides, publicado em 1918, e Acendalhas, em 1920, que se caracterizam, no dizer de um crítico, por estudos “orientados para os problemas factuais mínimos, e que desafiavam a argúcia dos intérpretes, exigindo o uso de todas as faculdades e recursos da técnica e da exegese, fosse na crítica interna, fosse no estabelecimento de textos ou da autoria, fosse na descoberta de pistas de influências e datas, fontes, fosse na análise de formas e temas” (Enciclopédia de Literatura Brasileira, I, 577). De Silvio Elia ainda lhe ouvimos a voz e as lições, dono de um saber profundo e extenso, aureolado por um caráter de fibra e um coração de ouro. Sua bibliografia permanecerá por muitos anos, graças ao saber nutrido das boas fontes, repassadas por uma constante leitura crítica, reflexiva e enriquecedora. Silvio Elia orientou os estudos superiores de Hilma Ranauro, quer no Mestrado, quer no Doutorado. A discípula encantou-se do mestre, perquiriu-lhe não só as obras, mas o próprio percurso de vida, e deste convívio, brindou-nos com o estudo Silvio Elia e João Ribeiro: Contribuição à Historiografia dos Estudos Científicos da Linguagem no Brasil, palmilhando a mesma seara das contribuições iniciais de Maximino Maciel, Antenor Nascentes, Serafim da Silva neto e Sílvio Elia para uma futura grande história do pensamento lingüístico e filológico no Brasil. Hilma Pereira Ranauro, nascida em Mendes (ao mesmo Estado em que também nasceram Alberto Faria e Silvio Elia), no ano de 1945, é Mestre pela PUC do Rio de Janeiro e Doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professora universitária, por concurso de provas e títulos, entre outras instituições, deste Instituto de Letras da UFF. Hilma cultiva a linguagem não só como investigadora do signo lingüístico senão também como criadora de textos literários, em poesia e em prosa, como são exemplos seus livros, já festejados pela crítica competente com escritora de talento, Descompasso – poema (Tempo Brasileiro, 1985; 2º ed., Tagore, 1989, que lhe granjeou Menção Honrosa da União Brasileira dos Escritores, o prêmio Guararapes, em 1986, tendo sido relacionado por Stella Leonardos entre as melhores publicações no biênio 1995/1996) e Um Murro no Espelho Baço – poesia (Tempo Brasileiro / Rioarte, Instituto Municipal de Arte e Cultura, 1992). No domínio dos nossos estudos especializados, Hilma Ranauro escreveu, entre muitos artigos e comunicações a congressos, O Falar do Rio de Janeiro – um estudo de caso (Ed. Cátedra/Ficab, 1988). Cronologia da Vida e da Obra de João Ribeiro in A Língua Nacional e Outros Estudos Lingüísticos (Coleção Dimensões do Brasil, Petrópolis, Vozes, 1979, edição por ela organizada). Recentemente, debruça-se sobre um estudo crítico e interpretativo da Gramática Filosófica, de Soares Barbosa, além de outros projetos vários. Enfim, meus prezados acadêmicos, minhas Senhoras e meus Senhores, temos aqui a posse de uma companheira de agremiação já consagrada no trabalho de sala de aula e no sagrado exercício da pena. Particularmente, tenho a certeza de que sua entrada na Academia Brasileira de Filologia representará um esforço significativo na consecução dos grandes projetos de realização que a competente presidência do Professor Leodegário de Azevedo Filho tem posto em nossos ombros para que, cumprindo os deveres de nosso regimento, possamos honrar e engrandecer os ideais dos fundadores desta Academia Brasileira de Filologia. Seja bem-vinda a esta grei de trabalhadores em prol da conservação, do aperfeiçoamento, da elevação, do estudo e do ensino do nosso “português casta linguagem”. Dando prosseguimento à solenidade, a Profª Hilma Pereira Ranauro fez o juramento solene, prometendo cumprir o estatuto da Academia Brasileira de Filologia, comparecendo às suas sessões e zelando pelo bom nome da filologia. O Prof. Bechara colocou-lhe o capelo e sua irmã Odaléa Ranauro entregou-lhe o medalhão, símbolos da Academia. O diploma de posse foi entregue por seu filho Marcelo Ranauro. O discurso de posse da nova acadêmica teve o seguinte teor: “Em discurso pronunciado na Academia Carioca de Letras por ocasião da passagem do 10º aniversário da morte de Alberto Faria, seu patrono naquela Academia, Othom Costa, lembra a pouca repercussão que teve sua morte. Para Othom Costa, um dos motivos seria o fato de ter sido ele um crítico dos mais temíveis, de “coturno exegético”, como ele mesmo costumava dizer, “um severo inquisidor da verdade, um analista profundo” , de uma crítica “talvez pouco benévola, mas sempre criteriosamente imparcial”. Nesse discurso*, lembra que Agripino Grieco, em crítica contundente a Alberto Faria, a ele se reporta como “o rumoroso acadêmico”. Há que lembrar ainda os artigos em polêmica com Othoniel Motta, seu colega no Ginásio de Campinas. Esses artigos, memoráveis, segundo Othom Costa, foram reeditados em Accendalhas, em apêndice, com o título “O feitiço contra o feiticeiro”. Para Othom Costa, a pouca repercussão da notícia de sua morte, ocorrida na madrugada de 8 de setembro de 1925, na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, teria como segundo motivo o fato de ter ele trocado , desde cedo, a admiração que poderia ter conquistado no Rio de Janeiro “ pela justa popularidade que deixou em Campinas”, São Paulo sua “adotiva e querida Campinas” como costumava dizer, para o Rio só retornando nos últimos tempos de sua vida, quando já consagrado pelos trabalhos que, em 1918, vieram a público no volume de Aérides, e que o conduziriam à Academia Brasileira de Letras, em 1919. O Rio de Janeiro, justifica Othom Costa, era “ o centro de maior cultura e vibração intelectual para onde todos os outros movimentos se convergiam” sendo também e, por isso mesmo, “ o centro irradiador da consagração nacional”. Tive oportunidade de pesquisar a correspondência de João Ribeiro a Alberto Faria quando realizei pesquisa com vistas à elaboração da “Cronologia da vida e da obra de João Ribeiro”, para publicação em A Língua Nacional e outros estudos lingüísticos (Vozes, 1979), e que, devidamente ampliada, veio a ser publicada em Contribuição à historiografia dos estudos científicos da linguagem no Brasil – Sílvio Elia e João Ribeiro, Tempo Brasileiro, 1997. Nessa Cronologia, a menção a Alberto Faria ocorre inúmeras vezes. A ele in Separata das Publicações da Academia, n.º 2, de 1935 - J.R. de Oliveira & C.,1936. João Ribeiro informa, por carta de 4 de janeiro de 1908, estar escrevendo Frases Feitas. Anuncia-o para os primeiros dias de março, calculando-o em 300 páginas. Em carta datada de 5 de maio de 1909, comunica-lhe a entrega ao Garnier de O Fabordão. No ano de 1913, várias são as cartas que a ele escreve dando conta do curso sobre folclore que ministrava na Biblioteca Nacional, de sua surpresa diante do número de inscritos e de sua intenção de publicar um livro sobre o que ensinava. Nessa correspondência, mantida no período de 4 de janeiro de 1908 a 19de agosto de 1917, registram-se confidências de João Ribeiro, expressões iradas de desabafo em relação a desafetos, que demonstram ser Alberto Faria pessoa de sua amizade e confiança. Para Alberto Faria, João Ribeiro dava conta de suas atividades e produções, do que pensava ou pretendia fazer. Com ele manteve correspondência quando esteve na Europa, em 1914. Interessante foi registrar, ao retomar, agora, minhas anotações, a seguinte afirmação de João Ribeiro: Persisto na idéia de escrevermos um livro em comum. O Garnier prometeu 500$r (que miséria!...) por um livro de coisas várias”, esclarecendo mais adiante: “... pela minha parte, eu daria algo de crítica e filologia e talvez um outro artigo de folclore e com alguns dos seus Ferros Velhos faríamos um volume”. João Ribeiro chega a apresentar um esboço do que poderia ser o livro, que teria como título Coisas Várias. Argumenta que esse livro levaria à promoção do nome de Alberto Faria na casa de Garnier e no Brasil, o que ele bem merecia. Essa preocupação de João Ribeiro vem a confirmar os argumentos de Othom Costa quanto ao pouco prestígio de Alberto Faria e do quanto a sua promoção dependia de seu prestígio no Rio de Janeiro. Dá conta igualmente da importância e do mérito desse que é o patrono da cadeira que hoje fica sob meus cuidados e responsabilidade na Academia Brasileira de Filologia .Alberto Faria foi editor da Revista do Centro de Ciências, Letras e Artes da Universidade de Campinas, de grande importância à época. Publicada de outubro de 1902 a agosto de 1910; de junho de 1912 a maio de 1959, só voltou a ser editada em fevereiro de 1976 a dezembro de 1977. A partir de então, só vieram a sair números esparsos. Era crítico, filólogo e folclorista, “Mas”, salienta Othon Costa, “ sua atividade principal, em literatura, era o folclore, e este, só agora (discurso em 1935, lembremos) está atravessando uma fase de moda, mas, quando publicou Accendalhas, era um gênero que pouco interesse despertava”. Nele, “o crítico e o filólogo completavam o folclorista”, vem a afirmar Othom Costa, para quem ele teria sido um dos que melhor e com mais autoridade fizeram literatura comparada no Brasil. Com suas polêmicas, chamava para si críticas igualmente polêmicas. Para Agripino Grieco, seria ele mais um transcritor do que escritor propriamente dito, "dando-nos a impressão de ter goma arábica ou papel carbono no cérebro". “O que Alberto Faria fazia, e nisso estava seu mérito, era uma incursão paciente e produtiva pelo espírito humano, do que dá exemplo seu trabalho sobre as ‘Cartas Chilenas’, a famosa sátira de Critillo contra o Fanfarrão Mineiro, que era o governador de Minas, D. Luiz da Cunha Menezes, e que foram escritas entre 11de julho de 1788 a 9 de fevereiro de 1789. ”, vem a dizer Othom Costa em sua defesa. A dificuldade, lembremos, era saber a quem pertencia o criptônimo Critillo. Seria ele, para alguns, dentre eles Sylvio Romero, Alvarenga Peixoto; para outros, Cláudio Manuel da Costa. Tal era a opinião de Varnhagem e de Lindolfo Gomes. Para Alberto Faria, dentre outros, Critillo seria Thomas Antônio Gonzaga. Sua monografia sobre os criptônimos das Cartas Chilenas, “e da qual Theófilo Braga, sem referência se aproveitou”, salienta implacavelmente Othom Costa, bem ao espírito da época, é tida como o trabalho mais completo e elucidativo sobre a tão antiga e debatida questão. Com essa monografia, que veio a constituir o primeiro capítulo de Accendalhas , Alberto Faria teria elucidado definitivamente a questão, “com argumento copioso e seguro”, no dizer de Ronald de Carvalho. Primava Alberto Faria pela minúcia e pela exaustão, nunca possível de alcançar, sabemos, mas perseguida pelos que, por sua seriedade, almejam, suprema e insana busca, conferir e/ou confirmar suas opiniões e conclusões. Como filólogo, deixou contribuição valiosa: Brasileirismos, Versos Brasileiros, Restituição de um verso, por exemplo. Conhecia bem o latim, o grego e umas poucas línguas vivas, lembraríamos com apoio ainda em Othom Costa. Era um crítico severo e temível e um bom tradutor. Seu arquivo na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, de referência nº.133, é dos mais extensos. Nas 300 correspondências a ele enviadas, registram-se desde cartas em que uma mulher lhe solicita a publicação de trabalho de seu marido a cartas de Machado de Assis. É ele o patrono da cadeira n.º 34 desta Academia, cadeira que, com honra e emoção hoje venho a assumir, sucedendo ao saudoso Sílvio Elia. Por tudo que pude registrar como sua biógrafa, pelo que dele vim a conhecer como aluna e orientanda em Dissertação de Mestrado e Tese de Doutorado, pelo que dele colhi em depoimentos de amigos, familiares e estudiosos, posso dizer de Sílvio Elia que foi desses seres especiais, que são, simplesmente, na quase completude desse verbo que, em nós, não atinge a plenitude semântica, só possível ao ser (verbo e substantivo) de Deus. Como pessoa especial, se fez especial, nos espaços, cargos e funções por que passou, nos vários papéis que desempenhou, “como velho caminheiro em busca do Santo Graal”, para falar como ele, nesta vida secular, para a qual vivia pedindo a Deus “uma prorrogaçãozinha”, posto que a sabia por demais curta em relação ao que poderia fazer, ao que gostaria de realizar, na exiguidade do tempo que lhe restava: “Graças a Deus, trabalho não falta, mas tenho ainda muitas obrigações de aula a cumprir, de modo que as férias são, infelizmente, curtas para o que me resta fazer. Scientia longa, vita brevis”. É de se imaginar o que mais faria ele caso não houvesse sido resgatado para a eternidade. Continua ele surpreendendo e deslumbrando, não somente à sua biógrafa, mas até mesmo à sua família, que, agora, com a possibilidade de vasculhar seu escritório e local de estudo e cuidando das correspondências que a ele são enviadas, pode saber mais dele. E, aí, cabe ressaltar o papel importante de Maria José da Fonseca Elia, sua mulher, sua companheira de um casamento que completara 60 anos. Foi ela importante para que eu registrasse dados familiares que revelassem o ser humano em sua caminhada e não somente o intelectual, o filólogo, o lingüista, o professor, na percepção, registro e lembrança de dados e fatos, que, de mulher para mulher, fomos compondo como pano de fundo e cortina de boca de cena dessa vida que se dá a conhecer na Cronologia, que, por iluminação divina (só pode) vim a concluir e publicar no ano anterior ao de sua partida do meio de nós. Tive o privilégio supremo de registrar a vida e a obra de Sylvio Edmundo Elia, ainda no seu vir-a-ser. Ao concluir meu trabalho (havia que por-lhe um fecho) tinha eu plena consciência de que muito ficara por registrar, principalmente porque ele não se reconhecia como objeto de estudo e pesquisa. Por mais que lhe solicitasse informações “do que andava aprontando por aí”, como costumava dizer-lhe, só vinha a saber dele por terceiros. Cheguei a acusá-lo de estar sonegando informações à sua biógrafa. Ele se limitava a sorrir. Por mais que o soubesse, porém, não podia sequer imaginar o que ficara cobrando registro. Quando Evanildo Bechara convocou-me para o levantamento, exaustivo, como frisou, da obra de Sílvio Elia, não tinha a menor idéia do muito que faltava. O trabalho que se dá a público nos números 17 e 18 de Confluência, Revista do Instituto de Língua Portuguesa do Liceu Literário Português, editados, em volume único, em sua homenagem só foi possível graças a Maria José da Fonseca Elia, que, num trabalho de garimpagem, digamos assim, revelou-nos, mais e mais, e muito mais do que esperávamos, da sua produção. E que produção! No dia 2 de setembro próximo passado, enviou-me Maria José a Separata Novo Reino que tanto sublimaram ( in Actas do Terceiro Centenário da Morte do Padre António Vieira- Congresso Internacional, vol. II, Braga, Portugal, 1999. P. 1343 – 1361), genial a partir do título. Nesse trabalho, Sílvio Elia trata da aspiração da humanidade por um paraíso terrestre, do messianismo e do cristianismo, do sebastianismo, do joanismo, do mito do Quinto Império e das profecias de Vieira. Parte de Gênesis para falar do Pe. Antônio Vieira, em texto magistral, que se encerra sem se fechar em si mesmo, em abertura para outro texto já em início de elaboração na mente do mestre. “A abertura do caminho marítimo para as Índias, os grandes descobrimentos, o Portugal maior no concerto das nações, tudo isso enchia de alegria o coração do homem português. Não bastava, porém. Faltava cumprir-se Portugal. Era o sonho do Quinto Império a acalentar o Gênio insatisfeito da gente lusitana. Vieira profetizou-o com alma bíblica; Pessoa anteviu-o com alma atlântica. Mas isso seria assunto para outra dissertação”. (ELIA, 1999,p.1360). Sílvio Elia igualmente impressionava “pela seriedade, correção de vida, pai exemplar e cultura filológica e lingüística respeitável”, diria eu, em colagem de afirmação de Antônio José Chediak, seu amigo desde 1940, em carta a mim enviada recentemente (10 de setembro próximo passado). Ao lado desse Sílvio Elia, havia o Sílvio Elia polêmico, que se revelava, por exemplo, em suas cartas enviadas, e nem sempre publicadas, aos jornais, O Globo e Jornal do Brasil, principalmente. Esse seu lado “polêmico”, que, hoje percebo, ele quis que fosse nele observado, pois que espontaneamente me enviou texto que disso falava, aflora em algumas de suas análise e resenhas. O texto em que resume sua polêmica com mestre Oiticica foi-me por ele enviado juntamente com uma cópia da correspondência que enviara, em 18 de outubro de 1988, ao então Diretor Científico da FAPERJ. Por meio dessa correspondência vem a responder, melhor, reagir, à comunicação daquele Diretor do indeferimento de seu pedido de auxílio para trabalho de pesquisa que viria a realizar, com a colaboração de Gladstone Chaves de Melo, em Pomerode, pequena cidade do interior catarinense. Assim inicia Sílvio Elia sua resposta: “Lamento dizer que tal Parecer não passa de uma fieira de superficialidades, em contradição com a realidade científica, fruto de despreparo e presunção, como é fácil demonstrar. O que passo a fazê-lo, embora com desperdício de tempo, que já é pouco para empregá-lo em assuntos sérios.” Num dos últimos itens de seu texto, lê-se: “No tocante ao atraso cultural – e isso no setor bibliográfico que pretendeu criticar- note-se a sua descoberta do estudo “modelar” de Weinreich sobre línguas em contato. Já por aí se vê que o abalizado censor é jejuno em matéria bibliográfica. Com efeito, Language in Contact, de Uriel Weinreich, apareceu em 1953, tendo sido reimpresso em 1964. É livro pioneiro, mas nestes últimos 35 anos, numerosíssimos e prestimosos trabalhos já foram publicados sobre o tema. E conclui : “ talvez não fosse impertinente recordar que um obscuro professor de Lingüística chamado Sílvio Elia, nos idos de dezembro de 1955, estampou no vol. 2, da Revista Brasileira de Filologia, dirigida pelo saudoso e autêntico filólogo Serafim da Silva Neto, uma recensão a esse reivindicado livro de Weinreich, o qual, à época, era novidade.” Muito mais vem a dizer Sílvio Elia, a derrubar, item por item, os tijolos em que pretendera sustentar seu parecer o parecerista da FAPERJ. Muito a dizer, mas há que encerrar. Aos colegas e amigos que me elegeram e que hoje me recebem, resta-me dizer que, sem deslumbramentos e vaidades, tenho plena consciência do que nos cabe numa Academia de Filologia, principalmente no contexto em que se encontra nosso país com referência ao ensino e à pesquisa de um modo geral e ao ensino e à pesquisa de/da língua portuguesa em especial. Nossos colegas de 1º e 2º graus estão sem saber o que ensinar e como fazê-lo. Equivocadamente, muitos estão a pregar a oralização da língua, na discussão descabida e inócua sobre ser certa, porque natural, a língua do povo e errada, porque artificial, a língua dos doutores, esquecidos de que nenhuma das duas é produto natural. São ambas produtos culturais, para o que cansaram de chamar a atenção Sílvio Elia e João Ribeiro, dentre outros. Somos, a maioria de nós, professores, antes e acima de tudo. Como professores, cabe-nos, creio firmemente nisso, contribuir para a valorização do magistério em nosso país e contra o abastardamento, usemos termo ainda de Sílvio Elia, da nossa língua. “Ao embarcarmos na nau do magistério, já sabíamos que não iríamos chegar aos portos da opulência, da ânsia de mandar, dos privilégios e aplausos massificados. Na verdade, a nossa meta era bem outra: construir alguma coisa mais duradoura que o bronze, porque esculpida no sonho e na inteligência, realizada num legado imaterial para ser repartido entre os que viriam almejar os mesmos horizontes, aos quais (grifei) oferecemos nossos ombros, para que possam ver mais longe e melhor”, leu-me, em discurso de agradecimento, Sílvio Elia. Sobre meus ombros, professor, acrescenta-se, hoje, a responsabilidade pela cadeira que ocupou durante anos. Sobre eles recebo, em abraço, com muita honra e emoção, seu capelo, que Maria José, num ato de carinho e desprendimento, presenteou-me. Difícil é segurar a emoção e lembrar que, quando Manuel Pinto Ribeiro, também acadêmico, sugeriu-me, em meados de 1997, que o consultasse sobre minha candidatura à Academia, o senhor, professor, respondeu-me sem mais dizer: “Espera a minha vaga”. Resta-me oferecer este momento a Maria da Conceição e Onossander, meus pais, com gratidão e saudade; a Marcelo e Renata, paridos de mim como poemas à vida, a meus irmãos e suas famílias, à minha nora, filha de coração, e a Isabela, pequenina linda, neta em minha maturidade, todos igualmente essenciais como base e sustentação desse meu jeito de ser e estar na vida, e também aos amigos que, juntamente com eles, me mantêm a crença em de que viver vale a pena. A Deus toda a honra e toda a glória.” Terminada a oração da Profª Hilma Ranauro, os presentes foram convidados para um coquetel de comemoração do evento. Como não houvesse mais nada a tratar, o Prof. Leodegário deu por encerrada a sessão. E, para constar, lavrei a presente ata que vai assinada pelo Presidente e por mim, Manoel Pinto Ribeiro, Segundo Secretário.

 

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