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ATA DA SESSÃO CULTURAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA, COM AS PALESTRAS DE CASTELAR DE CARVALHO E ANTÔNIO MARTINS DE ARAÚJO, EM 06 DE NOVEMBRO DE 1999

 

Aos seis dias do mês de novembro de 1999, na Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, llº andar, no auditório RAV 112, foi realizada a sessão cultural com a palestra dos acadêmicos Castelar de Carvalho e Antônio Martins de Araújo: NOEL ROSA –língua e estilo. Aberta a sessão pelo Presidente em exercício, Prof. Evanildo Bechara, foi constituída a mesa com a presença dos professores Antônio José Chediak e Gladstone Chaves de Melo. Dando início ao convênio cultural com a UERJ, vários alunos assistiram à sessão, havendo também inúmeros convidados de outras universidades. Primeiramente falou o Prof. Antônio Martins, dissertando sobre o discurso lingüístico de Noel Rosa. Dentre os pontos principais de sua palestra salientam-se os que transcrevemos a seguir. “Pela sua incalculável empatia com o grande público e por uma série de outras motivações que não cabe aqui mencionar, as canções de Noel vêm experimentando fortuna bem diversa da do resto dos mortais. À medida que os anos passam, sua obra lítero-musical vai suscitando interesse cada vez maior de pesquisadores e de público, e vai se perpetuando como patrimônio do povo carioca e brasileiro. A língua de Noel é a língua do povo. Sua linguagem é a moeda corrente das camadas populares mais abaixo nas estatísticas, e compreensível por toda gente fluminense e brasileira. Nada de seleção vocabular empertigada que o povão não entenda. Sua sintaxe é a brasileira em plena floração, principalmente no tocante à regência verbal e à colocação dos termos na frase. Com raríssimas exceções, o significado de suas gírias ainda hoje é facilmente depreensível do contexto em que se encontram. Se usa e abusa da gíria, aí está, viva e estuante, a legítima expressão da malandragem carioca, que tanto a aprecia, e a recria sem cessar. As chapas e as frases feitas são a garantia de sua recepção e permanência, dirigida como o foi, para a grande nação brasileira de ontem e de hoje. Como veremos, parece fora de dúvida a consciente procura do registro coloquial culto por parte de Noel em sua obra, se considerarmos seu juízo de valor sobre o papel dos literatos que exarou em seus próprios Pensamentos: “Um literato nunca se exprime bem quando escreve, porque nunca ele escreve como fala”. Essa declaração de princípios literários encontra-se em Noel Rosa: uma biografia, de Máximo e Didier (1990: 179). Nosso Romantismo, num primeiro momento, mitificou o índio, e, logo depois, mostrou a grandeza do negro. Nosso Naturalismo falou do papel do mulato na sociedade; e, embora viesse esporadicamente de muitas décadas atrás, tomou corpo, aí por volta dos anos vinte, o caboclo. E foi a vez de tornar-se ele matéria literária e artística. O dialeto de Jeca Tatu é assunto de um pioneiro estudo lingüístico por parte de Amadeu Amaral (a 1ª ed. de seu Dialeto caipira é de 1920), e invade os romances em prosa (entre outros, lembre-se a ficção de Valdomiro Silveira, e em verso lembre-se a de Catulo da Paixão Cearense). De repente, pelas mãos deste último, que também era chegado às modinhas (e leva esse nome por haver vivido sua infância no Ceará), o linguajar do caboclo penetra liricamente os salões das elites cariocas, os livros e até o próprio céu. Aí está um rol considerável de palavras sem os erres finais (ora substantivos, como muié, bilhá, doutô, dô; ora verbos no infinitivo, como fazê, gastá, filá, passá). Aí está o silenciamento dos esses finais dos nomes no plural, assinalando-se com essa marca apenas alguns termos determinantes (os bicho macho, seus filho, os fundilho, etc.). Aí estão variantes fonológicas características desse dialeto, como a perda da sílaba inicial das palavras, conhecida por aférese (tavam, trasado, breviá, etc); a troca de –l por –r, conhecida por rotacismo (tar, marvada); e a transformação de –lh- em –i-, conhecida por despalatalização (muié, véio). Será interessante advertir, porém, que, na embolada “Minha viola”, não ocorre o rotacismo, pois tal, com –l, é usado quatro vezes. Que teria acontecido? Mudou o dialeto, ou mudou o Noel? Assim é que, de raro em raro, em seus textos, se encontram torneios sintáticos da boa cepa lusitana, como esta locução verbal encontrada naquilo que se crê ser sua primeira composição, cuja melodia se perdeu, “Cumprindo a promessa” (c. 1925). O segmento de frase Que eu lá vou ter certamente hoje seria reescrito com um outro torneio sintético, como Que irei lá. A posposição do pronome sujeito da frase, na “Rumba da meia-noite” (1931), escrita em parceria com Henrique Vogeler: E o que queres tu que eu faça (...)?, hoje só usaremos se quisermos destacar o pronome, e não o verbo. São torneios como esses, tão comuns no vernáculo de além-mar, que vão pouco a pouco se adaptando e se transformando em nosso falar cotidiano desta banda do Atlântico. Vejamos a distribuição do vocábulo bem em textos de Noel Rosa: substantivo comum – 10; conglomerado verbal – 3; advérbio – 30; palavra de realce – 9; em textos de parceria: substantivo comum – 16; conglomerado verbal - -; advérbio – 43; palavra de realce – 4. Conclusão: a expressão querer bem é exclusiva de Noel, vale dizer, não consta nos textos escritos em parceria, mas o uso de bem como advérbio supera de muito o seu uso como palavra denotativa. Num e noutro emprego, a despeito da carga semântica de cada um deles, muita vez nos passa a sensação de gratuidade, de estar ali apenas para calçar o verso. Nesses casos, o bem é um mal estilístico m sua rica bagagem. Aqui, o automatismo de linguagem, embora a serviço da métrica, desserve a lírica ou a satírica. A seguir, o professor Castelar de Carvalho discorreu sobre o aspecto estilístico da obra de Noel Rosa: “O caráter original e renovador da obra de Noel resulta da conjugação de quatro fatores: musical, temático, lingüístico e poético. Do ponto de vista musical, deixou cerca de 250 composições, dentre elas, consagrados sucessos nacionais como Feitio de oração (com Vadico), Palpite infeliz, Fita amarela, Até amanhã, Com que roupa?, Não tem tradução, Conversa de botequim (com Vadico), Três apitos e Último desejo, o canto do cisne do poeta-sambista. No que se refere a temas, Noel abusou da originalidade. Através de seu samba diferente, ele tratou de tudo: foi filósofo, cronista, nacionalista, carnavalesco, satírico e amante (à sua moda). Fez a louvação do malandro e da mulata, além da defesa do samba. Lingüisticamente, foi inovador, impregnando seus textos com um sentido de oralidade que os mantém atuais ainda hoje. Como poeta, usou procedimentos estéticos que o aproximam do Modernismo, como o verso livre, o poema-piada, o nonsense, a paródia e a consciência crítica da realidade brasileira. “Pra quê mentir?” (1937) é um belíssimo samba, tanto em termos de letra (Noel) quanto de melodia (Vadico). Trata-se de uma das obras-primas da dupla, que já legara à música popular brasileira outros sambas antológicos como “Conversa de botequim” (1935), “Feitio de oração”(1933) e “Feitiço da Vila” (1934). Para a crônica do amor Noel-Ceci, esta é a terceira vez que Vadico empresta sua parceria musical ao amigo (v. “Só pode ser você”e “Quantos beijos”, sem falar no inusitado “Provei”, igualmente da dupla e possivelmente também inspirado em Ceci. Penúltimo samba da série dedicada à dama do cabaré, “Pra quê mentir?”só foi gravado em 1939 por Sílvio Caldas, e quase dois anos depois da morte de Noel em 1937. Trata-se, portanto, de obra póstuma, ou melhor, de sucesso póstumo, à semelhança de “Último desejo”, o sofrido canto de cisne do poeta da Vila. Em ambos os sambas, o tema comum á o ciúme, na linha da dor-de-cotovelo. Pela beleza e importância deste samba, vamos analisar sua letra por partes, destacando os pontos mais relevantes de cada uma. Comecemos pela carpintaria do texto, a parte formal do poema, denominada poética. 1) Poética: Os dezoito versos do samba distribuem-se em três estrofes de cinco (quintilha), seis (sextilha) e sete (sétima) versos cada uma. Embora diferentes no que diz respeito ao número de versos e à métrica, essas estrofes guardam entre si um certo paralelismo (isomorfia), uma vez que elas se apresentam estruturadas mais ou menos simetricamente em torno de dois eixos: a) da expressão-título “Pra quê mentir?”, espécie de interrogação retórica e, ao mesmo tempo, de conclusão; e b) das orações condicionais iniciadas pela conjunção se, as quais funcionam como premissas para a conclusão antecipada na interrogação-título. Nesse sentido, o texto poético apresenta um jeito de prosa pelo seu caráter silogístico-argumentativo. Nas duas primeiras estrofes, predominam os versos livres (heterométricos) por força de a letra de Noel haver sido escrita depois da melodia composta por Vadico, tendo a métrica dos versos de se acomodar às divisões rítmicas do samba (v. Máximo & Didier, 457, nota 2). Já a terceira estrofe, alterada pelo parceiro depois da morte de Noel, apresenta métrica mais regular, toda ela à base de versos heptassílabos. A primeira estrofe, contendo os dois silogismos introdutórios, é formada por versos de 4, 7, 9, 6 e 12 sílabas, nessa ordem. O esquema rímico é ABAAA, e as rimas, à exceção da órfã B (tens), são contínuas (AAAA), pobres, consoantes (semelhança de vogais e consoantes: - ir) e agudas. A segunda estrofe apresenta versos de 4, 7, 9, 4, 7 e 7 versos, nessa ordem, e esquema rímico ABCADC, em que as três primeiras rimas só não se altenam simetricamente com as três últimas devido à rima órfã D (outro). Em “mentir/mentir”, rima aguda, consoante e repetida; em “mulher/quer”, aguda, consoante e rica. Já a terceira estrofe, espécie de clímax do poema, apresenta métrica regular, com versos de sete sílabas (redondilha maior) e esquema rímico ABACDCD. O 1º e o 3º versos constituem rimas opostas (AA) e se opõem à rima órfã B (sei) do 2º verso. As demais são rimas alternadas (CDCD). Em assim/mim, rima aguda, rica e consoante; em quero/sincero e traído/ fingido, rimas graves, consoantes e ricas. 2) Estilística Fônica: Destaca-se em todo o poema a insistente assonância (reiteração) das vogais fechadas /ê/ e /i/. A primeira, presente em vocábulos como “quê”(seis vezes), “esse”, “saber”, “eu (três vezes), “sei” (duas vezes) e “ser”; a segunda, em “mentir” (cinco vezes), “iludir”, “trair”, “malícia”, “diz”, “traído” e “fingido”. Essas assonâncias parecem sugerir, pela imagem acústica, no caso do /ê/, um sentido de chamamento, de apelo triste e impotente por parte do poeta; já no caso do /i/ , a sensação é de grito agudo e lancinante, como que para chamar a atenção da amada , exortando-a para a situação do poeta, segundo ele, enganado, traído. Há também diversas assonâncias de vogais nasais, como, por exemplo, em: “mentir”(cinco vezes) , “ainda”(duas vezes), “tens”(duas vezes), “dom”, “tanto”, “assim”, “mim”, “sincero” e “fingido”. Essa presença marcante das vogais nasais /ã/, /ẽ/, /ĩ/ e /õ/, percorrendo quase toda a escala vocálica, parece sugerir, por sua vez, o som de choro, de lamento. 3) Estilística Léxica: Noel, que sabia como ninguém manipular as palavras, que era um mestre na arte da ironia e do duplo sentido, em “Pra quê mentir?”, preocupado em chamar sua amada à razão, prefere utilizar-se de uma linguagem direta, de um léxico exclusivamente denotativo, como aliás acontece geralmente nos sambas inspirados em Ceci (na verdade, em certos casos, endereçados a ela). No plano lexical, chama-nos de imediato a atenção a insistência com que o poeta emprega o verbo mentir: sem contar com o título, cinco vezes ao longo do texto. Entenda-se: roído pelo ciúme, Noel, certo de estar sendo enganado, concentra suas acusações e cobranças a Ceci em torno de uma idéia fixa, tema central do poema: a mentira. Daí a insistência, a fixação no emprego do verbo mentir, daí a presença deste verbo na própria interrogação retórica que serve de título-tema ao samba. A presença do verbo saber também é importante no texto: à semelhança de mentir, ele é empregado cinco vezes pelo poeta. Com relação a Ceci, duas vezes para adverti-la: “tu ainda não tens esse dom de saber iludir”e “tu sabes que eu já sei...”’e uma para reiterar o seu amor: “tu sabes que eu te quero”. Tendo Noel como sujeito, o referido verbo é usado duas vezes, em ambas para acusar Ceci: “eu sei que gostas de outro”e “eu já sei que tu não gostas de mim”. Com essa insistência no verbo saber, Noel parece sugerir que tanto ele, o amante traído, quanto Ceci, a amada infiel, sabiam de tudo, tinham plena consciência do papel que cada um desempenhava no drama da paixão em que estavam ambos envolvidos. Ainda com relação aos verbos empregados, cabem, algumas observações. Não existem formas verbais de passado no texto. A maioria se encontra no presente do indicativo: tens, há, sei, gostas, diz, sabes e quero, todas com valor de presente freqüentativo e indicando ações habituais ou denotativas de alguma faculdade própria do sujeito. As demais representam formas nominais do verbo, como os infinitivos mentir, saber, iludir, trair e o particípio passado traído. Relevante também é a quetão dos pronomes pessoais. Eu (1ª pessoa = Noel), tu (2ª pessoa = Ceci) e o indefinido outro (3ª pessoa = o amante intruso) representam no texto o triângulo amoroso, do qual Noel se considera o vértice traído. A propósito, quem quiser saber o nome do outro com quem Ceci traía Noel , leia o capítulo 42 de Máximo & Didier. Certamente vai ter uma surpresa, porque esse outro, além de ainda estar vivo e bem vivo, representa uma figura conhecidíssima de nosso meio artístico e musical. Cabe destacar ainda o fato de o poeta referir-se a ser traído tanto pelo “ódio sincero”quanto pelo “amor fingido”. As antíteses cridas pelos substantivos ódio x amor e pelos adjetivos sincero x fingido remetem a uma situação de paradoxo, a um verdadeiro beco sem saída para o amante enganado, que, ainda assim, ou apesar disso, insiste em reiterar o seu amor: “tu sabes que eu te quero”. Por fim, a questão do tratamento. Noel trata Ceci por tu em três sambas: “O maior castigo que eu te dou”, “Deixa de ser convencida”e este “Pra quê mentir?”. Em “Só pode ser você”, “Quantos beijos”e “Último desejo”, o pronome de tratamento empregado é você. Nos sambas “Quem ri melhor”e “Pela primeira vez”, usa a 3ª pessoa para referir-se à amada: no primeiro, o pronome relativo indefinido quem (alusão impessoal); no segundo, o pronome pessoal ela (alusão indireta). A questão central é a seguinte: embora tu e você, formas de tratamento de 2ª pessoa, sejam permutáveis no português do Brasil, percebe-se nos textos de Noel referentes a Ceci uma diferença sutil no emprego de ambos. Por fim, fechando a lista de coincidências, merece lembrança o fato de que tanto Noel Rosa quanto Machado de Assis são cariocas da gema. E, por outro lado, Caetano Veloso e Eugênio Gomes nasceram ambos na Bahia. Naturalmente, algumas diferenças haveriam de existir entre Dom Casmurro e “Pra quê mentir”, além do fato de pertencerem a gêneros literários distintos. É que, pela própria natureza dos dois textos, a personagem feminina do samba é real, e bem real, enquanto a do romance é fictícia (mas não muito; cf. Eugênio Gomes, 178). E mais uma diferença, essa fundamental: Bentinho faz questão de nomear o terceiro vértice de seu triângulo amoroso: ele se chama Escobar. Afinal, trata-se de um personagem inventado. Já Noel, embora também soubesse muito bem o nome do seu terceiro parceiro, que, aliás, nada tinha de fictício, prefere malandramente não lhe dar o gostinho de registrar o seu nome para a posteridade, e na letra, rotula-o apenas – e com certo menosprezo -como o “outro”, indefinido sem marca e sem rosto. A propósito, esse outro ainda vive (em 1999), ao contrário de Escobar, afogado em duas ressacas: a primeira, nos olhos de Capitu, e a segunda, pra valer, na praia do Flamengo. Encerrando, apontemos a semelhança capital existente entre os dois textos: ambos constituem, na estrutura e na intenção dos respectivos autores, verdadeiras peças incriminatórias, nas quais se contêm, ao implicitamente, a condenação. Em Dom Casmurro, aliás, Bentinho, juiz severo, comina a pena: o exílio de Capitu. Noel, lidando com uma personagem de carne e osso, não pode chegar a esse requinte. Ah! Esquecíamos. A última semelhança, a semelhança –mor entre “Pra quê mentir?” e Dom Casmurro: é que os dois textos têm como motivação o mal de amor, ou, em bom português, uma tremenda dor-de-cotovelo. Noel e Bentinho que o digam.” Terminada a fala do Prof. Castelar, O Profr. Domício Proença indagou: - Quem era Noel Rosa? Poeta, compositor? O Prof. Castelar afirmou que há compositores que refinam o texto e, por isso, se constituem poetas. Ora indagação foi sobre o português de Noel, caracterizado pelo aspecto popular, com marcas bem brasileiras. O acadêmico Paulo Silva de Araújo informou sobre a amizade do Reitor do Colégio São Bento, Dom Lourenço, com Noel Rosa, fato que traz oportunidade de um maior conhecimento sobre nosso grande compositor. Encerrando a sessão, o Prof. Bechara salientou a importância das duas palestras, mostrando que a Academia dava valor também aos trabalhos de cunho popular de grande notoriedade, como as composições de Noel Rosa. Agradeceu a presença de alunos, visitantes e acadêmicos e convidou os presentes para o lançamento da Revista Confluência em homenagem ao Prof. Sílvio Elia. O Prof. Chediak fez um convite para o lançamento de um filho sobre filosofia, de sua filha Karla Chediak. E, como não houvesse mais nada a tratar, foi encerrada a sessão. E, para constar, lavrei esta ata que vai assinada por mim, Manoel Pinto Ribeiro, Segundo Secretário, e pelo Sr. Presidente em exercício, Prof. Evanildo Bechara.

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