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ATA DE REUNIÃO ORDINÁRIA DA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA
DO DIA 31 DE MARÇO DE 2007

Às quinze horas do dia trinta e um de março do ano dois mil e sete, no Auditório da Academia Brasileira de Filosofia (Rua do Riachuelo, 303 – Centro – Rio de Janeiro – RJ), teve início a Reunião Ordinária da Academia Brasileira de Filologia, em que estiveram presentes os acadêmicos: Álvaro Alfredo Bragança Júnior, Amós Coêlho da Silva, Antônio Martins de Araújo, Castelar de Carvalho, Ceila Maria Ferreira Batista Rodrigues Martins, Claudio Cezar Henriques, Francisco Venceslau dos Santos, José Mario Botelho, José Pereira da Silva, Leodegário Amarante de Azevedo Filho, Maria Antonia da Costa Lobo, Nilda Santos Cabral, Terezinha Maria da Fonseca Passos Bittencourt, que assinaram o Livro de Registro de Presenças e os visitantes Rosilda Almeida Chediak, Taiassa Chediak Muniz, Karle Chediak, Edgar da Rocha Muniz, Pedro Chediak, Roberto Paz Barreto, Lindolfo Grilo Batista, Maria Helena Carvalho, Ilka de Azevedo, Célia Ferreira Paula de Barros, tendo justificado a ausência os acadêmicos Carlos Eduardo Falcão Uchôa, Cilene da Cunha Pereira, Domício Proença Filho, Evanildo Cavalcante Bechara, Helênio Fonseca de Oliveira, Horácio França Rolim de Freitas, Hilma Pereira Ranauro, João Ricardo Carneiro Moderno, José Geraldo Paredes, José Venícius Venância Frias, Luiz Martins Monteiro de Barros, Manoel Pinto Ribeiro, Maria Emillia Barcellos da Silva, Mauro de Salles Villar, Ricardo Stavola Cavaliere, Rosalvo do Valle e Walmirio Eronides de Macedo. Inicialmente, o Senhor Presidente, Professor Doutor Leodegário Amarante de Azevedo Filho, convocou a Senhora Rosilda Almeida Chediak e o senhor Pedro Chediak para compor a mesa com ele, o Secretário, Amós Coêlho da Silva e o Diretor de Relações Públicas, Antônio Martins da Araújo. Logo a seguir, discursou em homenagem ao amigo, acadêmico Antônio José Chediak, recém-falecido, fazendo brilhantes reflexões sobre a produção acadêmica do homenageado. Terminada sua fala, foi cedida a palavra aos acadêmicos que o desejaram, tendo falado Amós Coêlho da Silva, que leu o texto que lhe mandou o Acadêmico Evanildo Cavalcante Bechara que vai em anexo, José Pereira da Silva, Antônio Martins de Araújo e Ceila Maria Ferreira Batista Rodrigues Martins. Terminada esta sessão de homenagem póstuma ao acadêmico Antônio José Chediak, o Senhor presidente mandou o Segundo Secretário, José Pereira da Silva, ler a ata da reunião de dezembro de dois mil e seis, que foi aprovada. Com a palavra o Primeiro Secretário, Amós Coêlho da Silva, este leu a correspondência enviada pelo Acadêmico Paulo Silva de Araújo, que pede passagem para o quadro, por dificuldades de continuar freqüentando as reuniões, por motivos de saúde. Com isto, abrem-se duas vagas no quadro efetivo da Academia Brasileira de Filologia, no lugar da Acadêmica Eneida do Rêgo Monteiro Bonfim e do Acadêmico Paulo Silva de Araújo. O Senhor Presidente, Professor Leodegário Amarante de Azevedo Filho propôs e foi aprovada uma taxa de R$ 250,00 (duzentos e cinqüenta reais) para a inscrição de candidatos às vagas abertas na Academia Brasileira de Filologia. O Primeiro Secretário, Amós Coêlho da Silva informou também que o Acadêmico Domício Proença Filho pede que a Comissão da Reforma da Nomenclatura Gramatical Brasileira se apresse com as conclusões de suas propostas. Aproveitando a solicitação do Acadêmico, o Senhor Presidente determinou que todas as comissões em andamento apresentem, dentro de dois meses, um relatório detalhado do andamento de seus trabalhos para que sejam providenciados os passos seguintes. A seguir, o Coordenador Geral do “Congresso Internacional de Língua Portuguesa, Filosofia e Literaturas de Língua Portuguesa” apresentou os informes relativos aos seus preparativos. A seguir, para prepararmos a agenda cultural da Academia Brasileira de Filologia neste ano de dois mil e sete, foram recebidas as inscrições seguintes de propostas de conferências: “Paulo Ronai – o latinista” pelo Acadêmico Rosalvo do Valle (em abril); “Apontamentos da Filologia Germânica” pelo Acadêmico Álvaro Alfredo Bragança Júnior (em maio); “Machado de Assis, um narrador oblíquo e dissimulado” pelo Acadêmico Castelar de Carvalho (em junho); “A situação da Filologia no Brasil com base em informações oficiais e em informações virtuais” por José Pereira da Silva (em agosto); “Considerações sobre a obra de Câmara Jr. a partir de Estrutura da Língua Portuguesa (em setembro) por José Mario Botelho. A seguir, registrou-se a doação feita pelo Acadêmico Álvaro Alfredo Bragança Júnior em fevereiro deste ano de dois mil e sete à Biblioteca da Academia Brasileira de Letras, cujos volumes já foram incorporados àquele acervo, constante de: Libre Histoire de la Langue Française de André Thérive; Documentos Holandeses, 1° vol., do Ministério da Educação e Saúde; Gramática da Língua Romena (Prefácio de Evanildo Bechara) de Gregore Dobrinescu; Sobre a Gramática da Língua Armênia de Chaké Erizian; Eléments de Sanscrit Classique por Victor Henry; Limba Latină în Provinciile Dunărene ale Împeriului Roman, tomo 41 (dois exemplares); Brasilien-Bibliothek de Robert Bosch GMBH; As Línguas Bárbaras e Peregrinas do Novo Mundo Segundo os Gramáticos Jesuítas por Maria Carlota Rosa; Questionário Básico de Trabalho de Campo Lingüístico (revisão crítica do questionário do Atlas Lingüístico de Antenor Nascentes) de Monica Rector; The Indo-European and Semitic Languages de Saul Levin; Morfologia e Sintaxe de Luis Marques de Souza; Odyssee, de Homero – Versão alemã de Rolanda Hampe; Fatores Determinantes do Surgimento da Escola Lírica Galego-Portuguesa por Alfredo Maceira Rodríguez; O Cancioneiro de Paay Gômez Charinho trovador do século XIII – tese mimeografada de Celso Ferreira da Cunha; Revista Philologus (números 1 a 7 da primeira edição em formato A4 e em duas colunas) – [Raridade] e Testamento do General Francisco Barreto de Menezes de José Antônio Gonsalves de Mello. Às dezoito horas, o Senhor Presidente, Leodegário Amarante de Azevedo Filho, deu por encerrada a sessão, de que eu, Segundo Secretário, José Pereira da Silva, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 


 

TEXTO ANEXO

ANTÔNIO JOSÉ CHEDIAK – IN MEMORIAM [1]

(1916-2007)

Nos primeiros dias de fevereiro, a Academia Brasileira de Letras ficou desfalcada de um operoso colaborador, o Professor Antônio José Chediak, falecido aos 12 de fevereiro último, após longo e penoso período de doença. Chediak era mineiro de Três Corações do Rio Verde, onde nascera aos 9 de março de 1916. Cedo se iniciou no magistério em seu recanto natal, mas os dotes de inteligência e seu apego aos estudos logo aflorados abriram-lhe portas em colégios de outras cidades vizinhas até que veio a fixar-se definitivamente no então Distrito Federal. Formado na leitura de bons autores clássicos, antigos e modernos, e forrageado na doutrina dos melhores mestres do vernáculo e da filologia, não lhe foi difícil o acesso ao magistério oficial, numa quadra em que os salários de professor lhe permitiam o bastante para formar uma seleta biblioteca, e as férias regulares lhe ensejavam tempo para estudo e aperfeiçoamento. Herdeiro da paixão de seus professores do seminário de Campanha pelo tesouro vernacular que encerravam os escritos de Carlos de Laet, logo se debruçou na leitura do denodado monarquista e católico. Dessa paixão saíram-lhe dois trabalhos de real valor: Mobilidade do Léxico de Carlos de Laet (1941) e Carlos de Laet, o Polemista (2 tomos, 1942 e 1943). Estava lançada a plataforma do jovem professor como filólogo de escol. Estes trabalhos de maior fôlego patentearam-lhe o gosto e a competência para as importantes questões da microfilologia; daí não ser de admirar que o vemos convocado para integrar, em 1958, a Comissão criada pelo Ministério da Educação e Cultura, que funcionou junto a esta Academia, para estabelecimento de texto das obras de Machado de Assis, nitidamente inspirada pelo movimento de Crítica Textual defendido por Celso Cunha e Antônio Houaiss. Essa Comissão, que logo se identificou o mais ambicioso projeto ecdótico da literatura brasileira, impõe-se que seja prosseguida, para completar a tarefa que a inspirou. Para a Comissão Chediak preparou a modelar edição de Quincas Borba.

A disciplina e organização científica que norteavam seus trabalhos guindaram-no a comissão assessora integrada por Serafim da Silva Neto e Silvio Edmundo Elia junto aos catedráticos de Português do Colégio Pedro II que, por ato do Ministro da Educação e Cultura, em 1957, elaboraram o Projeto de Nomenclatura Gramatical Brasileira, com vista a disciplinar o emaranhado terminológico que campeava nos livros e nas aulas de Língua Portuguesa, com grave prejuízo para o ensino do idioma nacional.

Como resultado desta participação do amigo que hoje aqui pranteamos saiu pela Diretoria do Ensino Secundário do MEC, em 1960, um exaustivo documentário intitulado Nomenclatura Gramatical Brasileira e sua Elaboração, em que são consignados todos os passos da Comissão e são transcritos os relatórios e sugestões que a ela foram encaminhados por órgão oficiais consultados e pelas instituições e professores, que se manifestaram sobre o Projeto ministerial. Esta Academia lhe deve, por convite do então presidente Arnaldo Niskier, a supervisão da equipe que preparou a 3ª edição do Vocabulário Ortográfico (1999), bem como do grupo de especialistas que, durante dois anos, trabalhou na atualização do Dicionário da Língua Portuguesa elaborado por Antenor Nascentes em 1943, na presidência de Afrânio Peixoto, e publicado por esta Casa, em 4 volumes, em 1961 e 1967, na presidência de Austregésilo de Athayde.

Seu último trabalho, agasalhado pela nossa Academia, foi a primorosa edição do poema de Castro Alves Tragédia do Mar (O Navio Negreiro), em 2000, na qual, com paciência beneditina, procura dotar o texto da lição mais próxima da última vontade autoral.

Se no campo dos estudos lingüísticos nos deixou Chediak um exemplo de investigador competente, não foi menos rica a herança de honradez nos altos cargos que ocupou na administração pública, e de lealdade aos amigos, como foi com o Presidente Juscelino Kubischek, nas horas de esplendor e de tristezas. Com o seu desaparecimento, a língua portuguesa perdeu um denodado cultor e a Casa de Machado de Assis um colaborador incansável das suas mais lídimas tradições

Evanildo Bechara


 [1] Texto lido pelo autor em sessão da Academia Brasileira de Letras


 

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