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ATA DA POSSE DOS ACADÊMICOS RELACIONADOS ABAIXO,
AOS VINTE E DOIS DE AGOSTO DE DOIS MIL E CINCO,
NA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOLOGIA.

 

No Rio de Janeiro, bairro Maracanã, Campus da Rua São Francisco Xavier, 524, no prédio João Lyra Filho, 11º. Andar, sala RAV112, às dezoito horas, reuniram-se, sob a presidência do Primeiro Secretário Amós Coêlho da Silva e do Segundo Secretário José Pereira da Silva, Cleide Emilia Faye Pedrosa, Celina Márcia de Souza Abbade, Itana Nogueira Nunes, João Bortolanza, Luiz Carlos Cagliari, Carlos Eduardo Falcão Uchôa, Joseph Ildefonso de Araújo, Carlos Alberto Gonçalves Lopes e Rosalvo do Valle, para que se realizassem as seguintes posses: 1) dos acadêmicos, como sócio efetivo do Quadro Permanente, Prof. Dr. Carlos Eduardo Falcão Uchôa, cadeira 12, Patrono Franco de Sá, e Prof. Dr. Rosalvo do Valle, cadeira 06, Patrono Gonçalves Dias, que fizeram juramento em língua latina, prometendo respeitar e cumprir, na condição de membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia, o Estatuto e o Regimento Interno da entidade, assistindo normalmente às suas reuniões e tudo fazendo pelo estudo e preservação da Língua Portuguesa no Brasil . Também tomaram posse como sócios correspondentes: Cleide Emilia Faye Pedrosa , sócia correspondente do Estado de Sergipe, Celina Márcia de Souza Abbade, sócia correspondente da Bahia e Luiz Carlos Cagliari, sócio correspondente de São Paulo. Eu, Amós Coêlho da Silva, Primeiro Secretário, lavrei esta presente ata que vai assinada por mim e pelo Presidente, Prof. Dr. Leodegário A. de Azevedo Filho.

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                      Leodegário A. de Azevedo Filho                                  Amós Coêlho da Silva

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1 IUSIURANDUM ACADEMICUM: Ego, iureiurando, promitto fidem servare et praestare, condigne ut Academiae Brasiliensis Phylologiae membrum, Congregationis Statutum et Constitutionem Internam, naturaliter conventibus adsistens et omnia efficiens, Lusitanae Linguae studendo et eam colendo in Brasilia.
Segue em anexo seu discurso de posse.


ANEXOS:

1) Discurso de Posse da Sócia Correspondente Cleide Emília Faye Pedrosa

Excelentíssimo Sr Presidente da Academia Brasileira de Filologia Prof Leodegário Amarante de Azevedo Filho Primeiro Secretário, Acadêmico Amós Coêlho da Silva, Sr Presidente, amigos acadêmicos e congressistas; (tanto a pedido como pelo contexto, serei brevíssima em meu discurso) Foi com explicitas demonstração de felicidades que recebi do Prof José Pereira o convite para ser membro correspondente da ABF, porém como não havia concluído o Doutorado, o sonho fora interrompido. Por isso, logo que defendei a tese, minha primeira atitude foi entrar em contato com o amigo e Prof Pereira, acadêmico da cadeira 25, a fim de restabelecer aquele sonho. Assim, os dias 16 de abril e 22 de agosto de 2005, tornam-se dias singulares em minha vida.  

O primeiro representa a aprovação de minha candidatura, pelo voto dadivoso, magnânimo de amigos aqui presentes e, assim, eis-me chegando à Academia Brasileira de Filologia. Foi com orgulho que descobri que é um meu conterrâneo que assume a presidência, o Prof Leodegário Amarantes, cadeira 33, pois professor, embora entre nessa reconhecida Academia, como sócio correspondente pelo Estado de Sergipe, sou natural de Pernambuco. 

A segunda data, a de hoje, representa a confirmação do alcançado. 

Talvez, para alguns, essa introdução beire a pieguice, contudo não para mim. Porque minha trajetória de vida, principalmente a acadêmica, torna os acontecimentos a ela associados de valores únicos. Vinda de família muito pobre, com pais letrados na vida, mas semi-analfabetos de banco escolares, vejo-me em posições acadêmicas cuja existência era desconhecida para mim. 

A escada é alta, mas se subirmos degrau a degrau de corpo, alma, coração e intelecto, as possibilidades de sempre mudarmos de degrau aumentam na mesma proporção. Foi assim que, de uma primeira experiência como professora do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), vejo-me em salas de aula de uma universidade federal, como professor adjunto no Departamento de Letras, ministrando aulas de Lingüística. 

A escolha de área de trabalho, como não poderia de deixar de ser, reflete minha vida, particularmente, minha infância. Vivendo em uma comunidade lingüística que, com certeza, daria ótimos trabalhos no campo da Sociolingüística Laboviana, muitas vezes, me vi desesperada, diminuída, perguntando por que alguns riam de minhas frases e vocábulos. Então, para explicar meu amor, à primeira vista, pela Lingüística, não necessito que Freud ou Lacan reinterpretem meus significantes. Preciso de mim mesma, como reeditora de minha história, nesse caso, a história lingüística. Tanto que meu primeiro trabalho publicado aqui na UERJ versava sobre ‘A prima rica e a prima riquíssima: um estudo da língua numa visão sociolingüística. Ao fazer, no título, uma analogia à história do “Primo rico e o primo pobre”, pretendia demonstrar que a concepção, que muitos têm da modalidade popular como sendo ‘pobre’ ou ‘errada’, é, no nosso ponto vista, desprovida de qualquer conhecimento lingüístico e carregada de grande preconceito social e regional. Afinal, eu tinha conhecimento de causa. E se formos mais longe, encontraremos na Filologia, no estudo do Português histórico, a explicação para o uso de certos termos nessas comunidades. 

Alguns dos exemplos, coletados na pesquisa de campo, eram termos que eu bem conhecia de épocas passadas, por que não lembrar o velho ‘midubim’ ou ‘mandubim’, ‘mudobim’, era gostoso de dizer, era gostoso de comer, principalmente, em parques armados para as festas de final do ano. 

Liberta das questões lingüísticas da infância, estou livre para desvendar outras áreas, outros conhecimentos e assim o faço. 

Identifico-me, fortemente, com algumas áreas de estudos lingüísticos, assim é com interesse que curso a disciplina Lexicologia com a profa Dra Nelly Carvalho, também sócia correspondente da Academia Brasileira de Filologia, pelo Estado de Pernambuco.  

Recordo-me também da remota época da graduação e mesmo quando graduada, exercendo minha profissão, quando entro em contato com obras de Manuel Said Ali Ida, Afrânio Peixoto, Antenor de Veras Nascentes, Ismael de Lima Coutinho, Serafim da Silva Neto, Gladstone Chaves de Melo, Joaquim Mattoso Câmara Júnior, Celso Ferreira da Cunha, Othon Moacyr Garcia, autores, então, distantes no tempo e no espaço, agora me vejo consultado o site da ABF e identifico o nome desses mestres como fundadores, o como ex-membros; assim, embora não tenha vencido o tempo, venci o espaço. Estou de, certa forma, ligada a mesma Academia.  

É com familiaridade que, geralmente nos referimos aos dicionários, o Aurélio e o Houaiss, e vejo também seus nomes registrados, não na calçada da fama, mas, em um registro mais importante, ligados, assim como seus pares, a Academia Brasileira de Filologia, que desde sua fundação, em 26 de agosto de 1944, vem trazendo preciosa colaboração para o patrimônio cultural da nação. 

Na atualidade, dois campos de conhecimento recebem, primordialmente, meu olhar: a Análise Crítica do Discurso (ACD) e a interface Lingüística e Discurso religioso. 

Trabalhar com ACD é um desafio, por sua multiplicidade de caminhos a percorrer. Trabalhar com a interface Lingüística e Discurso religioso é um privilegio que gosto de compartilhar com minha comunidade religiosa e acadêmica. Essa interface tem se tornado produtivo em minha vida; pois consigo juntar dois mundos formadores da minha vida: mundo religioso e mundo acadêmico.  

Desse modo, ao agradecer, os votos que recebi nessa casa, tomo o compromisso, que é mister ao sócio correspondente da Academia Brasileira de Filologia, representá-la na região de minha jurisdição da maneira como reza o cap IV, art 11º.                    

Boa noite e muito obrigada,                                                                                                       

                                                                          ____________________________________________
                                                                                                                        Cleide Emilia Faye Pedrosa
                                                                                         Sócia correspondente da ABF pelo Estado de SE.

 

 

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